George Santos, o filho de brasileiros expulso do Congresso dos EUA, anuncia que voltará a concorrer para deputado

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George Santos no dia 5 de novembro de 2022 — Foto: Mary Altaffer/AP

O ex-deputado dos Estados Unidos George Santos, o filho de brasileiros que teve seu mandato cassado no ano passado, anunciou na sexta-feira (8) que voltará a concorrer a um cargo político no país neste ano.

Santos, eleito deputado dos EUA em 2022, foi expulso do Congresso dos EUA no ano passado após uma votação interna. Santos responde na Justiça norte-americana por uma série de irregularidades, desde mentir sobre seu currículo a uso ilegal de dinheiro de campanha (leia mais abaixo). Ele nega as acusações.

Em uma publicação em suas redes sociais, o ex-deputado anunciou que vai concorrer novamente a uma vaga no mesmo Congresso que o expulsou — os EUA realizam eleições legislativas a cada dois anos.

Ele disse que desafiará o deputado republicano Nick LaLota em uma vaga no Congresso pelo distrito em Long Island, em Nova York — no sistema eleitoral do Legislativo dos EUA, deputados concorrem com outros do mesmo partido para o distrito que representam.

“Esta noite, quero anunciar que retornarei à arena da política e desafiarei Nick na batalha pelo (distrito de) #NY1. Estou ansioso para debater com ele essas questões e seu fraco histórico como republicano. A luta pela nossa maioria é imperativa para a sobrevivência do país”, escreveu Santos.

Em dezembro de 2023, quando os deputados votaram em maioria pela sua cassação, George Santos abandonou a casa e disse que não voltaria.

“Por que eu iria querer ficar aqui? Que este lugar vá para o inferno”, disse a jornalistas, na ocasião.

Na noite de quinta-feira (7), no entanto, Santos voltou ao Congresso dos EUA, como visitante, para acompanhar o discurso do presidente do país, o democrata Joe Biden, sobre o Estado da Nação.

“Vim ao SOTU (Discurso do Estado da Nação, na sigla em inglês), com mente e coração abertos porque acredito na ótima ideia que são os Estados Unidos da América”, justificou.

Santos foi o quinto deputado da história dos EUA a ser expulso do Congresso. Pela Legislação, ele pode concorrer novamente ao cargo. E, como o país não tem uma lei similar a da Ficha Limpa no Brasil, o filho de brasileiros pode se candidatar mesmo que seja réu de um processo na Justiça — como acontece com o ex-presidente dos EUA e atual pré-candidato à presidência Donald Trump.

Após ser expulso, ele começou a vender mensagens personalizadas pela internet.

As acusações

As suspeitas de irregularidades cometidas por George Santos surgiram logo após sua eleição, em 2022, quando ele surgiu no cenário político como o primeiro republicano abertamente gay eleito para o Congresso dos EUA.

Entre as acusações de irregularidades às que George Santos reponde na Justiça, estão as de:

  • Utilizar dinheiro de doações em cirurgias com técnicas de botox e no site pornográfico Onlyfans;
  • Fraude com cartões de crédito;
  • Roubo de identidade;
  • Receber seguro-desemprego ao qual não tinha direito durante a pandemia do coronavírus, antes de sua eleição.

Após uma investigação da Promotoria de Nova York, ele foi denunciado à Justiça.

Atualmente, Santos responde a sete acusações de fraude para contribuição em campanha, três de lavagem de dinheiro, uma acusação de roubo de fundos públicos e outras duas por fazer declarações falsas à Câmara dos Deputados.

A expulsão

Em sessão no início de dezembro para decidir sobre a cassação de Santos, 311 deputados votaram a favor de expulsar o republicano — 24 a mais do número mínimo necessário — e 114 contra. Um fator determinante para a expulsão de Santos foi a quantidade de votos de deputados do próprio partido de Santos favoráveis à sua expulsão.

Parte dos republicanos que o apoiavam mudou de posição após a divulgação de um relatório que apontou diversas irregularidades e crimes financeiros nos quais ele está envolvido.

Duas semanas antes da votação, um relatório dos legisladores republicanos e democratas membros do Comitê de Ética da Câmara encontrou “enormes evidências” de má conduta por parte de Santos e alegou que ele havia “tentado explorar de maneira fraudulenta todos os aspectos de sua candidatura à Câmara para seu próprio benefício financeiro“.

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