Grupos de brasileiros na Faixa de Gaza relatam escassez de água, alimentos, gás e remédios

0

Mohammad Farahat, a esposa e os quatro filhos estão em Rafah e relatam agravamento da situação no Sul da Faixa de Gaza — Foto: Arquivo pessoal

Grupos de brasileiros que estão na Faixa de Gaza relataram à TV Globo e à GloboNews no domingo (29) escassez de itens básicos, como água potável, alimentos, combustíveis e medicamentos.

A Embaixada do Brasil na Palestina monitora a situação de 34 pessoas que pediram auxílio para deixar a região do conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel.

Essas pessoas estão divididas entre duas cidades palestinas: 18 estão em Rafah, território que faz fronteira com o Egito; e 16, em Khan Younes, cidade que também fica na região Sul da Faixa de Gaza, mas está mais distante da fronteira.

Das 34 pessoas, de acordo com a embaixada brasileira:

  • 24 são brasileiros
  • 7 são palestinos em processo de imigração
  • 3 são palestinos que darão início à imigração

O governo brasileiro articula com autoridades do Egito e de Israel a abertura de uma passagem na fronteira entre Rafah e o território egípcio, o que possibilitaria a repatriação das 34 pessoas.

Forças israelenses bombardeiam Gaza desde o fim de semana de 7 de outubro, quando o grupo terrorista Hamas fez ataques contra Israel. Nos últimos dias, Israel intensificou a operação militar por terra em Gaza.

‘Estresse e medo’

Mohammad Farahat, 43 anos, palestino casado com um brasileira, afirmou à TV Globo que ele, a esposa e os quatro filhos estão estressados e com “medo” de não conseguirem mais água e alimentos em Rafah.

“Estamos bem até agora. Aguardando boas notícias sobre a fronteira de Rafah. A situação humanitária é catastrófica”, disse Mohammad.

“Há uma grave escassez de combustível, água potável, medicamentos e alimentos. Se esta situação continuar por mais uma semana, a situação humanitária irá se agravar […]. Estresse psicológico, medo de perda de nós mesmos e de serviços básicos, como água, remédios e alimentos e itens não alimentares”, completou o palestino.

Sem gás em Khan Younes

Segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, a situação está ainda mais crítica em Khan Younes, onde o grupo com brasileiros já enfrenta falta de gás.

“Faltam água e gás em Khan Younes. Há muitos mosquitos, alguns estão gripados, as crianças do Hasan estão com problemas nos olhos”, disse Candeas à GloboNews.

Hasan a quem o embaixador se refere é o brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, que já perdeu familiares palestinos no confilto.

Segundo Candeas, a embaixada está providenciando teleatendimento médico para a família de Hasan, que, assustada e com medo de bombardeios, tem evitado sair do local em que se abrigou.

De acordo com informações do diplomata, os serviços de telecomunicação que haviam sido interrompidos na Faixa de Gaza voltaram a funcionar neste domingo.

Em uma rede social, por volta das 10h de domingo (horário de Brasília), Hasan Rabee afirmou que conseguiu comprar água em Khan Younes.

“Achei água depois 3 dias de falta”, afirmou Hasan na rede social. À TV Globo, o brasileiro disse: “Cada garrafa de água é uma pequena vitória. Sobreviver dia a dia”.

Hasan Rabee tem procurado mostrar as dificuldades de quem está em Gaza — Foto: Reprodução/TV Globo
Hasan Rabee tem procurado mostrar as dificuldades de quem está em Gaza — Foto: Reprodução/TV Globo

Resgate

O plano do governo do Brasil é embarcar essas pessoas que estão na Faixa de Gaza em um avião da FAB na cidade egípcia de Arish, a 53 km da fronteira. O problema é que a passagem ainda não foi aberta pelo Egito para a saída dos brasileiros.

Enquanto a fronteira com o Egito não é aberta, uma aeronave da Presidência da República modelo VC-2, com capacidade para 38 pessoas, aguarda no Cairo para repatriar os brasileiros.

Ao todo, segundo o governo, 1,4 mil brasileiros já foram repatriados da região em conflito – todos, de Israel.

Autoridades brasileiras têm mantido contato com integrantes do governo egípcio a fim de tentar convencê-los a abrir a fronteira. O ministro Mauro Vieira, por exemplo, já conversou por telefone ao menos duas vezes com o chanceler egípicio sobre o tema.

Paralelamente, como o Brasil comanda temporariamente o Conselho de Segurança da ONU, diplomatas têm tentado discutir uma resolução que garanta a abertura dos corredores humanitários no Egito.

O país sediou recentemente uma cúpula a fim de discutir o tema, mas, segundo diplomatas brasileiros, ainda não há expectativa de abertura da fronteira.

About Author

Deixe um comentário...