Homem morto diante do filho era sérvio procurado pela Interpol e suspeito de ser ‘matador de aluguel’; veja vídeo do assassinato
O homem executado a tiros na frente da esposa e do filho em Santos, no litoral de São Paulo, não é esloveno. Dejan Kovac, como fora identificado inicialmente, era na verdade o sérvio Darko Geisler, procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Ele é suspeito de ser matador de aluguel. O crime foi registrado por uma câmera de monitoramento (veja o vídeo abaixo). A Polícia Civil tenta descobrir quem matou o estrangeiro.
https://twitter.com/atribunasantos/status/1743633967734014018?s=20
Ele foi executado na Rua São José, no bairro Embaré, em Santos. O sérvio chegou a ser resgatado consciente pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas sofreu uma parada cardiorrespiratória a caminho da Santa Casa de Santos e morreu.
Conforme registrado no boletim de ocorrência, a Polícia Civil passou a investigar a identidade do homem logo após a execução. O homem estava em posse de um passaporte de nacionalidade eslovena, levando a polícia a acreditar que ele havia nascido no país.
Assim que os investigadores enviaram uma cópia do passaporte ao consulado, o órgão informou que ele pertencia por um cidadão que perdeu o documento em 2017. O documento, inclusive, foi cancelado. No curso das investigações, segundo apurado junto ao consulado da Eslovênia, ficou comprovado que o documento não era dele.
Com uma busca reversa na internet, usando a foto que detinha do suspeito, a Polícia Civil identificou registros em Montenegro (país que faz fronteira com a Sérvia) envolvendo a prática de homicídios múltiplos, porte de arma e de explosivos ligados à ele.
A Polícia Civil concluiu que a vítima da execução em Santos não era o esloveno Dejan Kovac, mas sim uma pessoa até então “desconhecida”. Os policiais acionaram o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) e também a Interpol.
As autoridades de Montenegro remeteram à polícia brasileira uma impressão digital do investigado, que seria um matador de aluguel. Ela coincide com a do morto no bairro Embaré. Com isso, a Polícia Civil entendeu que se tratava do sérvio Darko Geisler, um “múltiplo homicida”.
“Nós podemos afirmar, com absoluta certeza, pautada numa prova técnica pericial, que esse múltiplo homicida investigado em Montenegro se trata da vítima de homicídio ocorrido aqui na cidade de Santos, na rua São José, no dia 5”, informou o delegado Luiz Ricardo Lara Dias Júnior, titular do 3° Distrito Policial (DP) de Santos.
Lista da Interpol
De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Civil, contra Darko Geisler havia uma ordem de prisão internacional. Ele era integrante de uma organização criminosa que atua na Sérvia, segundo o registro, e era suspeito de cometer homicídios, além de portar armas e explosivos em Montenegro.
Darko Geisler estava na lista de Difusão Vermelha, também conhecida como ‘red notice’, da Interpol.
Ela permite a prisão da pessoa que está em um país estrangeiro. Portanto, é válida para a detenção de quem está no Brasil e tem a custódia decretada em outro país, como é o caso de Darko, que vivia com documentos falsos.
A equipe de reportagem apurou que o nome e a foto dele deixaram de ser exibidos na lista de difusão vermelha da Interpol após a execução.
O que a polícia ainda investiga?
A Polícia Civil, agora, investiga a vida do homem no Brasil e quem o matou. Ainda segundo o delegado, há possibilidade, dentro das inúmeras que ainda se apresentam na investigação policial, de que esse homicídio esteja relacionado com a atuação do sérvio nos homicídios múltiplos praticados na Europa.
“Mesmo porque a autoridade de Montenegro informou que Darko Geisler integrava organizações criminosas que atuavam não só em Montenegro, mas em todo o leste europeu, notadamente na figura de um homicida contratado para esse fim”, afirmou o delegado.
Vida no Brasil
Darko não tinha documentos brasileiros, tampouco uma fonte de renda ativa. Ele vivia de rendimentos enviados pela família mensalmente, de um comércio que teria no leste europeu, segundo a polícia.
Antes da confirmação sobre a identidade do homem pela Polícia Civil, a esposa de Darko Geisler afirmou ao site g1 que a vida anterior do marido “não lhe dizia respeito”.
À repórter Yasmin Braga, da TV Tribuna, afiliada da Globo, vizinhos informaram que o homem tinha um comportamento tranquilo, que não levantava suspeitas. Ele morava há quatro anos com a esposa e o filho.
Assassinato
O homem foi morto a tiros na frente da esposa e filho pequeno. Um vídeo mostra a criança em uma cadeirinha na bicicleta caindo no chão após a vítima ser executada (assista no início desta matéria).
Nas imagens, é possível ver a vítima chegando de bicicleta ao prédio com o filho e a esposa, que aparece de vermelho em outra bike. Em seguida, um homem aparece por trás de Darko e atira algumas vezes antes de fugir.
De acordo com a PM, a corporação foi chamada para atender a ocorrência às 19h46. Inicialmente, o chamado citava que o autor dos disparos teria passado de bicicleta pelo local e atirado contra a vítima. Posteriormente, foi repassado que um carro preto teria sido utilizado no crime.