Hugo Motta virou refém da ultradireita, diz vice-líder do governo Lula
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante sessão plenária — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Vice-líder do governo Lula no Congresso, o deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) afirmou que presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se tornou “refém da ultradireita” para se sustentar no comando da Casa e que tem pautado um conjunto de medidas para beneficiar os bolsonaristas.
Dorinaldo foi um dos parlamentares que tentaram negociar a saída do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da Presidência, antes de o parlamentar ser retirado à força pela Polícia Legislativa sob ordem de Motta.
“O presidente [Motta] primeiro deu comando de suspensão da transmissão da TV Câmara e mandou esvaziar o plenário de técnicos e assessores, depois que Glauber assumiu a cadeira”, afirma.
O parlamentar diz que, a partir disso, foi formada uma equipe de transição com Motta por ele e os colegas Célia Xakriabá (PSOL-MG), Rogério Correia (PT-MG), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Alencar Santana (PT-SP) e Carlos Veras (PT-PE), primeiro secretário da Câmara.
A comissão tentava convencer Glauber a sair da cadeira de Motta quando, cerca de dez minutos depois, o presidente da Câmara ordenou a desocupação imediata do assento.
“Ficamos surpresos com a celeridade de tomar uma medida extrema quando havia negociadores no entorno do Glauber, negociadores que também foram agredidos”, diz.
Ele atribui a decisão de Motta à pressão de parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O presidente é refém da ultradireita. Toda pauta contempla a ultradireita. Não só o que aconteceu com Glauber, mas também o conjunto de medidas que convenceram o Motta a pautar”, argumenta o vice-líder do governo no Congresso.
Entre os exemplos, Dorinaldo cita o projeto de dosimetria, aprovado na madrugada de quarta-feira (10) pelo plenário, além de pautas de segurança.
“A progressão em domiciliar para um sexto da pena é um retrocesso. É uma contradição em relação ao que a gente votou no projeto Antifacção”, diz. “Ele [Motta] votou o desmonte o projeto Antifacção semanas depois.”