Inquérito militar diz que houve erro do governo Lula em atos de 8/1

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Manifestantes invadiram Congresso, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Júlia Portela

Um inquérito que investiga a atuação dos militares nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que integra a pasta do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O documento foi obtido pela Folha de S.Paulo e divulgado na segunda-feira (31/7).

Em 8 de janeiro, o responsável pela secretaria era Carlos Feitosa Rodrigues, apontado ao cargo em 2021 por Augusto Heleno durante o governo Bolsonaro. Ele não foi ouvido pelo inquérito e, segundo a reportagem, o Exército se recusou a explicar o porquê.

O documento também cita responsabilidade do Departamento de Segurança Presidencial (DSeg), na época chefiado pelo coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, também nomeado por Heleno.

O inquérito militar afirma que, no âmbito do GSI, “resta evidente” que cabe à secretaria “o planejamento, o acionamento e o emprego” de militares “no tocante às ações ligadas à manutenção da integridade física do Palácio do Planalto e adjacências”.

De acordo com o inquérito, competia ao DSeg “acionar o deslocamento” da tropa de choque do Exército. Além disso, também cabia ao órgão “buscar informações indispensáveis ao planejamento de ações preventivas” junto à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e aos órgãos da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal, o que não foi feito.

O documento cita que o número de militares em 8 de janeiro (36) era menor do que o pelotão enviado ao Planalto em 31 de julho de 2022 (110), quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou manifestantes contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Desta forma, é possível concluir que, sendo realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente, a execução das ações de segurança por parte das tropas do CMP teria melhores condições de êxito”, diz.

“Nesse sentido, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizado os danos patrimoniais sofridos”, completa.

O relatório destaca que, devido à falta de planejamento, os militares não tinham condições de reagir aos manifestantes golpistas. Por isso, diz que “não foram encontrados indícios de crime militar ou crime comum na atuação das tropas”.

“Noutro vértice, conclui-se que há indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial/Dseg quanto à invasão do Palácio do Planalto, considerando que houve falha no planejamento e na execução das ações”, aponta o inquérito militar.

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