Investigação do porto de Beirute preocupa elite e faz Líbano temer guerra
Na última quinta-feira, 14, um tiroteio contra manifestantes em Beirute, Líbano, deixou seis mortos e dezenas de feridos, e a sensação de caos reinstalada no país.
O ataque veio de atiradores nos telhados das casas, e homens mascarados retribuíram a investida com granadas propelidas por foguetes e foguetes.
Nas escolas, crianças assustadas se escondiam nas salas enquanto saía fumaça de prédios pelos arredores.
A confusão aconteceu ao longo da antiga “Linha Verde” de Beirute, importante frente de batalha que dividiu o leste cristão do oeste predominantemente muçulmano durante a guerra civil no país, entre 1975 e 1990.
As cenas da semana passada também fizeram com que os moradores de Beirute revivessem os anos de tensão.
Desta vez, porém, a briga não é entre muçulmanos e cristãos.
O que motivou o confronto foi o protesto organizado pelos movimentos Hezbollah e Amal, que pediam a remoção do juiz Tarek Bitar, responsável pela investigação da explosão do porto de Beirute, em 2020.
A investigação representa um desafio para a elite governante do Líbano, que também é um resquício da guerra civil.
Bitar interrogou altos funcionários do governo libanês e recentemente emitiu mandados de prisão contra três ex-ministros – um muçulmano sunita, um muçulmano xiita e um cristão maronita.
A classe dominante do país parece estar com medo, depois de ter feito uma petição sem sucesso para remover o juiz de seu cargo.
Acredita-se que nem os atiradores nem os homens mascarados têm interesse em resolver o caso do porto de Beirute, que deixou mais de 200 pessoas mortas.
Eles reforçam o triste passado do país, justamente quando um grupo se manifesta por um futuro melhor.
Caso consiga chegar ao fim da investigação, Bitar pode abrir um precedente para todo o mundo árabe, uma região notoriamente problemática no que diz respeito ao poder judiciário.