Jornalista lança livro “Flordelis: A Pastora do Diabo” e revela rituais
A suposta adoção crianças e adolescentes que viviam em situação de abandono, e que chegou a passar de um total de 50, alçou Flordelis ao estrelato na década de 90 e até ao cargo de deputada federal. No mês passado ela foi condenada a 50 anos de prisão pela morte de Anderson do Carmo.
Dedicado a desvendar as origens da figura pública que enganou o Brasil com sua fachada benevolente, o jornalista Ullisses Campbell conversou com a mãe, os filhos, parentes e outras pessoas que conheciam intimamente a rotina da assassina. O livro Flordelis – A Pastora do Diabo, lançamento da Matrix Editora, é o resultado dessas entrevistas e de um trabalho extenso de pesquisa que durou dois anos.
No livro, Campbell visita os bastidores da infância e adolescência de Flordelis e revela passagens perturbadoras. O sequestro de bebês de mães vulneráveis, os abusos sexuais cometidos contra os “filhos”, as orgias disfarçadas de sessões de purificação, o acesso limitado à comida imposto no lar adotivo, a alcunha de Queturiene que usava durante os rituais e o plano para matar o cônjuge são alguns dos episódios retratados.
Filha da “bruxa” Carmozina e sobrinha de “pai” Miquelino, Flordelis aprendeu cedo a ocultar as entidades satânicas que adorava sob a bússola moral das crenças evangélicas. As pregações da palavra de Deus nos altares das igrejas eram seguidas por cerimônias particulares realizadas como oferendas para seres antagonistas da fé cristã como Baphomet.
De acordo com o autor, na intimidade, Flordelis não tinha problemas em frequentar ambientes voltados para a troca de casais, realizar batismos sexuais e transar com a própria prole, além de incentivar o incesto entre irmãos, biológicos ou adotivos. Ela mesma era casada com o ex-namorado de uma das filhas. O marido, pastor Anderson do Carmo, foi vítima de um complô familiar que culminou com seu assassinato, a mando da esposa, em 2019.
Flordelis – A Pastora do Diabo escancara o perfil psicológico dissimulado, frio e diabólico da mulher que durante anos foi considerada símbolo de amor, afeto e generosidade. A obra, rica em detalhes sórdidos, aprofunda a história da assassina que mesmo diante da leitura da condenação a 50 anos e 28 dias de prisão lutou para manter intacta uma reputação há muito destruída pela própria ganância e falta de escrúpulos.
O livro encerra a trilogia Mulheres Assassinas. Além desse lançamento, a série conta com os títulos Suzane – Assassina e Manipuladora, que mergulha no caso Richthofen, e Elize Matsunaga – A Mulher que Esquartejou o Marido, relacionado ao assassinato do herdeiro da indústria de alimentos Yoki.