Segundo o levantamento, 9,4% deles são fumantes ou ex-fumantes de cigarro tradicional; 15,8% já usaram narguilé e 17,3% já consumiram cigarro eletrônico.
“A princípio, achávamos que esses fatores de risco só afetariam a saúde no futuro, mas já estão causando problemas”, aponta a especialista Érika Aquino, da Vital Strategies.
Cerca de 8,2% dos jovens brasileiros têm hipertensão e 2,2% têm diabetes diagnosticada — nos dois casos, boa parte dos pacientes não faz uso de medicamento, apesar de ter prescrição.
“Urge que se planejem políticas públicas para essa faixa etária. A saúde é algo cumulativo, e esse quadro pode ser catastrófico, caso essa população chegue ao envelhecimento — os dados podem refletir no aumento da mortalidade precoce por doenças crônicas não transmissíveis”, alerta a especialista.

“Dados são fundamentais para monitorar políticas públicas de saúde. Essa piora nos comportamentos gera uma preocupação a curto, médio e longo prazo. O financiamento do sistema de saúde é uma questão importante, e sabemos que tem uma parte grande da população se comportando pior do que o esperado. A conta vai chegar e, em breve, podemos não dar conta. Precisamos prevenir”, alerta o diretor-executivo da Vital Strategies Brasil, Pedro de Paula.
Covitel 2023
O levantamento foi divulgado em evento que aconteceu na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília.
“Precisamos conhecer a realidade da população brasileira. Nosso estudo traz inovações metodológicas, incluindo a pesquisa por telefones celulares e participantes do interior do país. O Brasil é um país muito grande, e o Covitel vem para somar esforços do estado para conhecer a saúde do brasileiro”, explica o coordenador do levantamento, o professor Pedro Hallal, da UFPel.
A secretária de vigilância de saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, esteve presente e afirma que os dados serão usados para traçar estratégias de políticas públicas. “As doenças não transmissíveis, acidentes e violência são uma pauta prioritária para este governo. Precisamos criar políticas melhores do que as que fizemos até agora”, diz.