Júri que investiga ação de Trump na Geórgia nas eleições de 2020 conclui que testemunhas mentiram sob juramento

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Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump durante anúncio de que irá concorrer à presidência em 2024. — Foto: Reuters

Por Associated Press

Um grande júri especial que investiga os esforços do ex-presidente Donald Trump e seus aliados para anular a derrota nas eleições de 2020 na Geórgia diz acreditar que “uma ou mais testemunhas” cometeram perjúrio (mentiram sob juramento) e está pedindo que promotores locais apresentem acusações contra elas.

O relatório final do grande júri especial pede que a promotora do Condado de Fulton, Fani Willis, “busque acusações apropriadas por tais crimes onde as evidências são convincentes”. As partes do relatório que foram divulgadas na quinta-feira (16) não citam detalhes importantes, incluindo quem o júri acredita ter cometido perjúrio e quais outras acusações específicas devem ser buscadas. No entanto, é a primeira vez que as recomendações dos jurados para acusações criminais relacionadas ao caso são tornadas públicas.

A revelação destas informações é mais um sinal dos desafios legais que o ex-presidente enfrenta enquanto encaminha sua terceira candidatura à Casa Branca em meio a múltiplas investigações.

Trump também está sendo investigado pelo Departamento de Justiça dos EUA por ter mantido documentos secretos em sua mansão na Flórida.

O ex-presidente nunca testemunhou perante este grande júri especial, o que significa que ele não está entre aqueles que poderiam ter mentido no processo. Mas o caso ainda representa desafios particulares para ele, em parte porque suas ações na Geórgia foram públicas e notórias.

Trump e seus aliados fizeram alegações não comprovadas de fraude eleitoral generalizada e repetidamente criticaram o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, e o governador Brian Kemp por não agirem para anular sua apertada derrota para o presidente Joe Biden no estado.

Willis disse desde o início da investigação, dois anos atrás, que estava interessada em uma ligação telefônica de 2 de janeiro de 2021, na qual Trump sugeriu a Raffensperger que ele poderia “encontrar” os votos necessários para anular sua derrota no estado.

“Tudo o que quero fazer é o seguinte: quero encontrar 11.780 votos, que é um a mais do que temos”, disse Trump durante a ligação. “Porque ganhamos o estado”.

Trump disse repetidamente que sua ligação com Raffensperger foi “perfeita” e disse à Associated Press no mês passado que se sentia “muito confiante” de que não seria acusado.

Autoridades estaduais e federais, incluindo o ex-advogado geral de Trump, disseram repetidamente que a eleição foi segura e não houve evidência de fraude significativa. Depois de ouvir “um extenso depoimento sobre o assunto”, o grande júri especial concordou em votação unânime que não houve fraude generalizada na eleição da Geórgia.

O grande júri especial, que foi solicitado por Willis para ajudar em sua investigação, foi convocado em maio e apresentou seu relatório ao Juiz da Corte Superior do Condado de Fulton, Robert McBurney, em 15 de dezembro. O júri não tem poder para formalizar acusações. Em vez disso, seu relatório contém recomendações para Willis, que decidirá por fim se buscará uma ou mais acusações de um grande júri regular.

Ao longo de cerca de sete meses, os jurados especiais ouviram 75 testemunhas, entre elas aliados de Trump, incluindo o ex-prefeito de Nova York e advogado de Trump, Rudy Giuliani, e o senador norte-americano Lindsey Graham, da Carolina do Sul. Altos funcionários da Geórgia, como Raffensperger e Kemp, também compareceram perante o painel.

Graham disse aos repórteres na quinta-feira que não foi contatado pelas autoridades a respeito de seu testemunho. “Estou confiante de que testemunhei aberta e honestamente”, disse ele.

A divulgação parcial do relatório do grande júri foi ordenada na segunda-feira por McBurney, que supervisionou o grande júri especial. Durante uma audiência no mês passado, os promotores pediram que ele não divulgasse o relatório até que decidissem sobre as acusações, enquanto uma coalizão de organizações de mídia, incluindo a AP, pressionava para que todo o relatório fosse tornado público imediatamente.

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