Lira cita ‘ameaças’ e pede à PF escolta para deputado que denunciou suposto elo de agentes públicos do AM com facções

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O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) durante reunião em uma comissão do Congresso — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Por Lorena Fraga

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), solicitou à Polícia Federal na terça-feira (16) escolta policial para o deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) nos compromissos do parlamentar no Amazonas.

Em ofício encaminhado à Superintendência Regional da PF no Amazonas, Lira afirma que a medida é necessária uma vez que há relatos de que Amom tem sido “constante alvo de crimes de ameaça e constrangimentos ilegais”.

“À vista da gravidade dos ilícitos e da necessidade de assegurar o livre exercício do mandato parlamentar, solicito a Vossa Senhoria a adoção de todas as medidas necessárias a garantir a segurança do congressista”, diz Lira no documento encaminhado ao delegado da PF Celso Antônio Vieira Paiva Junior.

Em comunicado à imprensa, Amom diz ser alvo de “intimidações” desde que fez uma denúncia à Polícia Federal sobre suposto envolvimento de integrantes da Segurança Pública do Amazonas com organizações criminosas.

Esta reportagem teve acesso ao depoimento de Amom à Polícia Federal. Aos investigadores, no dia 5 de janeiro, o deputado afirmou ter recebido um relatório de inteligência do Amazonas, que associava “diretamente” integrantes da “alta cúpula” das secretarias de Segurança Pública e de Administração Penitenciária, e da Polícia Militar a organizações criminosas e ao tráfico de drogas.

Amom Mandel declarou ter encaminhado os documentos à PF e que, após o envio, foi alvo de movimentos de desinformação nas redes sociais e de uma “abordagem truculenta” da PM amazonense.

Esta reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria.

Procurada pela reportagem, a PF afirmou que investiga as denúncias e que não dará mais detalhes sobre o procedimento em curso.

Pedidos a Lira e a Flávio Dino

Dias após o depoimento, em 10 de janeiro, Amom enviou ofícios nos quais pede providências a Lira e ao ministro da Justiça, Flávio Dino.

No documento encaminhado a Dino, o deputado afirmou que o relatório revela um “grave cenário” na segurança pública do Amazonas. Ele pede ao ministro que a pasta atue para “garantir a integridade e eficácia das instituições de segurança pública no estado”.

“As evidências de corrupção, manipulação do sistema e conluio com facções criminosas por parte de agentes da mais alta cúpula da segurança estadual demanda atenção e providências”, disse.

Ao pedir escolta policial ao presidente da Câmara, Amom Mandel afirmou que as denúncias feitas por ele “apontam uma ampla atuação criminosa de ocupantes de cargos estratégicos, detentores de acesso privilegiado a informações, que estariam sendo usadas, de maneira deliberada, para privilegiar facções criminosas”.

O deputado avaliou que a denúncia fez com que ele sofresse uma série de ataques e a uma “crescente pressão desencadeada por uma milícia digital de blogs e portais jornalísticos”.

“Resta evidente que essa iniciativa difamatória decorre de figuras que teriam interesses prejudicados devido à minha denúncia, tendo como estratégia minar minha credibilidade através desses meios de comunicação”, afirmou.

*Sob a supervisão de Gustavo Garcia

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