Lista de magistrados do STJ e do STF que vão a Israel financiados por entidades segue sob mistério

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Estátua da Justiça. Foto: Carlos Humberto/SCO/STF

por Mônica Bergamo

A lista de magistrados confirmados para uma viagem a Israel promovida por duas entidades judaicas segue sob mistério. O roteiro está previsto para ser realizado nos próximos dias.

Com exceção do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, todos os demais convidados não confirmam, publicamente, se embarcarão no avião rumo ao país do Oriente Médio para conhecer a guerra a partir da perspectiva israelense.

Ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) como Humberto Martins e Daniela Teixeira estão viajando e, portanto, não integrarão a comitiva capitaneada pela Conib (Confederação Israelita do Brasil) e pela StandWithUs Brasil.

Já os ministros Villas Bôas Cueva, Sebastião Reis Júnior, Marco Aurélio Bellizze e Antonio Saldanha Palheiro, do STJ, o desembargador Ricardo Couto, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, e o desembargador federal Marcus Abraham, igualmente convidados, não responderam ao serem procurados.

Por meio de sua assessoria de comunicação, o STJ afirmou à coluna que “os ministros estão em período de férias” e que retornaria caso houvesse resposta por parte dos magistrados —o que não ocorreu.

A Conib e a StandWithUs Brasil, por sua vez, não quiseram compartilhar os nomes convidados nem os confirmados para a ida a Israel. As duas entidades afirmam que custearão integralmente os gastos dos magistrados brasileiros que aceitarem a empreitada.

A viagem tem gerado polêmica. Na quinta-feira (18), o coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, sugeriu que os ministros e desembargadores também deveriam visitar a Faixa de Gaza.

Ele, que descreveu a excursão como “no mínimo estranha”, disse ainda que a comitiva correria o risco de não retornar ao Brasil, já que o território é alvo de bombardeios constantes do governo israelense. O conflito completou cem dias no último fim de semana.

“Se o propósito [da ida] for, de fato, oferecer a possibilidade de os magistrados conhecerem a realidade do conflito, a gente sugere que essa comitiva passe por Gaza. Fique um dia, ao menos, para poder ouvir os palestinos e ver com os próprios olhos o que está acontecendo”, afirmou Carvalho.

“Aliás, esse é o papel dos magistrados. Para ser imparcial, é importante ouvir todos os lados para poder formar sua própria convicção”, acrescentou.

Um dos magistrados convidados afirmou à coluna que não recebeu convite para ir a Gaza, mas que se recebesse, iria. O território, porém, está bloqueado por Israel, e ninguém entra ou sai sem sua autorização.

Interlocutores de ministros convidados por entidades judaicas para viajar a Israel afirmam que o itinerário deve incluir uma visita ao Supremo Tribunal israelense.

A passagem pela corte, dizem esses emissários à coluna, teria como objetivo expor as razões do governo de Binyamin Netanyahu para promover sua controversa reforma judicial.

André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil, entidade que organiza a comitiva junto com a Conib (Confederação Israelita do Brasil), rechaça qualquer tentativa de favorecer o premiê. “Não é uma viagem do governo de Israel”, diz. “É uma viagem de caráter técnico, não político.”

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