Lucro dos 5 maiores bancos do País sobe 36% e chega a R$ 26,2 bi no 3º trimestre

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© Montagem Estadão. Os cinco maiores bancos do País; Os números dos grandes coroam a expansão do crédito no sistema como um todo

Os cinco maiores bancos de varejo brasileiros em total de ativos – Itaú UnibancoBanco do BrasilBradescoCaixa Econômica Federal e Santander Brasil – tiveram lucro líquido de R$ 26,2 bilhões no terceiro trimestre, o que representa uma alta de 36% em um ano. O resultado foi impulsionado pela maior concessão de crédito e por um salto nas receitas com tarifas. Ambos os indicadores refletiram a reabertura das atividades econômicas, mas podem arrefecer nos próximos trimestres, diante da alta dos juros e da desaceleração da economia brasileira que já aparece em alguns indicadores.

Com a reabertura dos negócios, os clientes dos grandes bancos passaram a fazer mais transações, usando mais cartões e comprando mais produtos como seguros, títulos de capitalização e consórcios. Como resultado, as receitas com prestação de serviços e tarifas dos cinco maiores bancos cresceram 5% em um ano, somando R$ 37,2 bilhões. O Itaú ficou com o maior faturamento, de R$ 10,1 bilhões. A Caixa, ao contrário de seus concorrentes, viu essa receita cair na comparação anual, embora em nível modesto, de 1,1%.

A carteira de crédito também mostrou forte expansão, de 13,1%, com altas acentuadas em especial nos bancos privados – o Bradesco viu a carteira aumentar 16,4%, enquanto no Itaú e no Santander, as altas foram de 13,6% e de 13,1%, respectivamente. A carteira dos cinco totalizava R$ 3,9 trilhões em setembro. O maior impulso veio de linhas direcionadas a pessoas físicas e a pequenas empresas, que se animaram a tomar crédito diante do avanço da reabertura das atividades.

Os números dos grandes bancos coroam a expansão do crédito no sistema como um todo. Em setembro, o crédito ampliado chegou a R$ 13,1 trilhões, de acordo com o Banco Central, uma alta de 14,7% em relação ao mesmo período de 2020.

Piora no cenário

Esse crescimento, porém, não deve se repetir nos próximos meses. Antes mesmo da volatilidade típica de anos eleitorais esperada para 2022, os principais indicadores econômicos têm mostrado desaceleração, o que pode reduzir o ímpeto das concessões de crédito.

Em setembro, o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,27% na comparação com agosto. O indicador, um parâmetro da atividade econômica no País, mostrou, de acordo com economistas, que o fim do terceiro trimestre foi de economia mais fraca, com uma herança estatística também desfavorável para o quarto trimestre deste ano.

Ao mesmo tempo, analistas esperam que o dinheiro fique mais caro no que vem, com alta dos juros, o que tende a desestimular as concessões de crédito. “Diante da alteração no teto de gastos, revisamos nosso cenário base. Nossa avaliação é que a alteração em curso da âncora fiscal acarretará em elevação dos prêmios de risco, taxa de câmbio mais depreciada, em conjunto com inflação e juros mais elevados, afetando a atividade econômica, principalmente, ao longo de 2022”, afirmou a Genial Investimentos, que cortou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 5,4% para 5%, e para o ano que vem, de 1,3% para 0,6%.

O movimento é observado no mercado como um todo. O Relatório Focus desta semana, divulgado pelo BC, mostrou queda de 1% para 0,93% na projeção para a alta do PIB no que vem, na sexta redução consecutiva. Para o economista-chefe de América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, a inflação de dois dígitos, taxas de juros em alta, ruído político e incerteza fiscal elevados, além da interrupção da tendência de alta na confiança do consumidor e de empresários estão criando um cenário desafiador para economia brasileira em 2022.

No setor bancário, esse cenário mais difícil já se traduz em ajuste de expectativas. Para este ano, de acordo com a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas divulgada nesta quinta-feira, 18, pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), houve revisão positiva da projeção de alta da carteira de crédito, de 12,3% para 12,7%. Para o ano que vem, porém, caiu mais uma vez, passando de 7,4% para 7,3%.

Preparação para 2022

Até aqui, os grandes bancos afirmaram esperar, além de uma desaceleração no crédito, uma alta da inadimplência no ano que vem. A expectativa, porém, é de que a rentabilidade seja mantida. A aposta das instituições é de que as concessões de crédito para pessoas físicas e pequenas empresas, que em geral têm taxas maiores, se traduzam em margens mais robustas à frente.

“Vamos preparar (no quarto trimestre deste ano) o cenário para 2022, que será um ano desafiador no cenário macro e competitivo, mas acreditamos que temos as ferramentas para manter a rentabilidade”, disse o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do Banco do Brasil, José Ricardo Forni, durante teleconferência de resultados com analistas estrangeiros.

Os bancos têm afirmado que conseguiram, até aqui, repassar em parte a alta da Selic para as novas concessões de empréstimos, o que pode ajudar na rentabilidade nos próximos trimestres. “As novas safras (de crédito) já estão entrando com spreads maiores”, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, durante evento do banco com investidores, na semana passada.

De todo modo, a inadimplência também deve subir. A pesquisa da Febraban aponta que a expectativa dos 18 bancos consultados é de que a inadimplência da carteira com recursos livres, aquela em que os recursos não estão vinculados a uma destinação específica, deve subir para 3,7% no próximo ano, após encerrar 2021 em 3,4%. Em ambos os casos, o número ficaria abaixo do registrado antes da pandemia, de 3,8%.

Por enquanto, a preocupação com os calotes é menor em comparação a 2020. No terceiro trimestre, os cinco bancões brasileiros tiveram despesas líquidas de R$ 19,2 bilhões com provisões, montante 20% menor que o registrado um ano antes.

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