Lula conversa com presidente da Comissão Europeia em ‘impulso político’ pelo acordo Mercosul-UE

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Reprodução

Por Ricardo Abreu, Guilherme Balza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone na tarde da segunda-feira (20) com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. Segundo o governo, a ligação durou cerca de meia hora e tratou sobre o andamento das negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia.

“Os dois concordaram em acompanhar de perto o trabalho dos negociadores nos próximos dias e deverão voltar a se encontrar na próxima semana, durante a COP 28, em Dubai, Emirados Árabes”, informou nota do governo.

Fontes do Itamaraty acreditam que a ligação entre Lula e Von der Leyen “ajuda como um impulso político” a essas negociações. No fim da semana que vem, os diplomatas vão avaliar se ainda haverá pendências e o que será preciso fazer para finalizar tudo a tempo da cúpula do Mercosul. O bloco já destacou que, após 20 anos de negociações, esta é a janela ideal para se finalizar de forma rápida o acordo comercial.

Ainda no contexto das negociações políticas pelo acordo comercial, o presidente Lula, após participar da COP 28 nos Emirados Árabes, em novembro, seguirá para a Alemanha, para uma visita oficial ao chanceler alemão Olaf Scholz. O governo brasileiro entende que, neste encontro bilateral, também haverá um esforço de Lula para que haja um entendimento por um acordo.

Durante os meses de setembro e outubro, negociadores dos dois blocos se reuniram, presencial e virtualmente, e diplomatas que participam ativamente da negociação destacam que “houve avanços significativos nas últimas semanas”. Representantes do Mercosul reafirmaram aos europeus compromissos já assumidos, sobretudo a respeito do desenvolvimento sustentável e de comércio.

Apesar dos avanços, todos os lados ainda adotam a cautela sobre a conclusão do acordo, negociado desde 1999. Dois temas, inclusive, foram apontados como os de maior dificuldade para um entendimento entre blocos: compras governamentais e políticas de desmatamento.

Compras governamentais

A União Europeia defende a participação de empresas dos países-membros dos dois blocos, em condição de igualdade, de licitações governamentais em todos os países pertencentes ao acordo. O Brasil, a pedido do presidente Lula, defendeu a retirada desse ponto do acordo. Lula inclusive reforçou aos europeus que não abre mão do ponto das compras governamentais nas negociações do acordo entre a UE e o Mercosul. Segundo fontes da diplomacia brasileira, a União Europeia demonstrou estar aberta a um acordo nessa questão.

Nova lei europeia do desmatamento

A nova lei europeia dá à UE o poder de anular concessões que foram negociadas durante 20 anos. Para negociadores brasileiros, o ponto não é razoável para o Brasil e o Mercosul. O Brasil busca um mecanismo que permita, no caso dessa lei ser aplicada, uma compensação pra reequilibrar o acordo comercial entre os dois blocos, visto que a lei europeia poderia ameaçar as exportações do Mercosul.

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