Lula critica ‘violação cotidiana’ em Gaza e lamenta morte de refém brasileiro

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Croácia, Zoran Milanović. — Foto: Beatriz Borges/g1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na segunda-feira (3) a “violação cotidiana” no direito humanitário na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas e voltou a defender uma solução para o conflito que envolva a criação do Estado palestino.

Lula também lamentou a morte do brasileiro Michel Nisenbaum, que era um dos reféns do Hamas. O presidente já havia feito uma postagem manifestando pesar pela morte, mas ainda não havia falado publicamente sobre o assunto.

Lula deu a declaração no Palácio do Itamaraty, onde recepcionou e se reuniu com o presidente da Croácia, Zoran Milanovic. Os dois deram uma declaração conjunta, mas o evento foi fechado para a imprensa e não foi possível fazer perguntas.

“No caso de Gaza, o Brasil continuará trabalhando por um cessar-fogo permanente que permita a entrada da ajuda humanitária e também pela libertação imediata de todos os reféns pelo Hamas. Foi com grande pesar que recebemos a notícia do falecimento do brasileiro Michel Nisenbaum”, afirmou o presidente.

No último dia 24, o Exército israelense informou ter recuperado os corpos de mais três reféns que estavam na Faixa de Gaza desde os atentados do Hamas, em 7 de outubro de 2023. Segundo o comunicado, um deles era o de Michel Nisenbaum, 59, único brasileiro-israelense sequestrado pela facção terrorista.

Lula havia manifestado pesar em suas redes sociais. Em um evento em Guarulhos, São Paulo, no dia seguinte, mencionou a guerra entre Israel e Hamas em seu discurso e lamentou a morte de mulheres e crianças palestinas, mas não falou sobre o brasileiro.

O petista voltou a criticar a situação dos civis durante o conflito. Segundo informou na segunda-feira (3) a UNRWA, braço da ONU para refugiados palestinos, o deslocamento forçado afastou mais de um milhão de pessoas da cidade de Rafah.

Desde o início de maio, o Exército israelense realiza operações em Rafah para, segundo ele, eliminar membros do Hamas e desmantelar a infraestrutura usada pelo grupo terrorista. Contudo, muitos palestinos reclamam que estão vulneráveis aos ataques israelenses aonde quer que vão e têm se deslocado pela extensão da Faixa de Gaza nos últimos meses.

A UNRWA afirmou que milhares de famílias agora se abrigam em instalações danificadas e destruídas em Khan Yunis, onde a agência está fornecendo serviços essenciais. “As condições são indescritíveis”, apontou a agência.

Apesar da crítica à situação dos civis, Lula desta vez falou de maneira mais genérica, sem criticar diretamente o Estado de Israel. E então defendeu a solução de dois Estados.

“A violação cotidiana do direito humanitário é chocante e tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças. É fundamental que a comunidade internacional trabalhe para a solução de dois Estados, vivendo lado a lado em segurança. O recente reconhecimento do Estado palestino por Espanha, Noruega e Irlanda é um passo importante nessa direção”, completou.

Sobre a Guerra da Ucrânia, Lula voltou a defender uma conferência de paz. No entanto, reforçou a posição brasileira de que a reunião só será possível se for reconhecida pelos dois países. Ou seja, não compartilha a visão europeia, que vem tratando a questão apenas com o lado ucraniano.

“O Brasil condenou de maneira firme a invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma desescalada seria um passo necessário para que as partes possam retomar o diálogo direto. Apoiamos a realização de uma conferência internacional que seja reconhecida tanto pela Ucrânia como pela Rússia”, afirmou.

Lula também voltou a criticar a ascensão do extremismo de direita no mundo, pedindo a união dos países democráticos para combatê-lo. Mencionou nesse contexto as eleições para o Parlamento Europeu.

“Nossas regiões estão ameaçadas pelo extremismo político, pela manipulação da informação, pela violência que ataca e silencia minorias. O processo de renovação política na União Europeia se aproxima. Em poucos dias as 720 vagas do Parlamento Europeu estarão em disputa”, afirmou.

“A vitalidade da democracia é fundamental no momento em que vivemos. Para vencer o totalitarismo será preciso unir todos os democratas”, completa.

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