Lula despista sobre reforma ministerial e diz que nunca levou a sério pesquisas de popularidade
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O presidente Lula (PT) durante evento em Brasília. - Gabriela Biló - 4.fev.2025/Folhapress
O presidente Lula (PT) evitou se comprometer que fará uma reforma ministerial em seu governo e afirmou na quarta-feira (19) que “nunca levou definitivamente a sério qualquer pesquisa” que aponte índice de popularidade do Executivo.
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou que a aprovação do petista desabou em dois meses de 35% para 24% chegando a um patamar inédito para Lula em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%.
Na quarta-feira (19), o presidente foi questionado se ele tem receios acerca dessa queda da popularidade e se isso afeta eventual reforma ministerial que vem sido discutida por integrantes de seu governo há meses.
Lula fez uma brincadeira, dizendo que os índices de popularidade só vão mudar se o comportamento das pessoas que respondem a essas pesquisas também mudarem. “Se alguém, alguma empresa de pesquisa for fazer pergunta para você, você fala bem do governo, que aumenta popularidade. Se você não fala bem, não vai aumentar a popularidade.”
Em seguida, disse que quem o conhece sabe que ele nunca levou “definitivamente a sério qualquer pesquisa”. Segundo ele, esses levantamentos servem para “você estudar, para saber se tem que mudar de comportamento, se tem que ter determinada ação”. “É isso que faço”, disse.
Ele também despistou a possibilidade de fazer alguma mudança na Esplanada dos Ministérios. Lula disse que mudar ou não integrantes do governo é algo que pertence “muito intimamente ao presidente da República” e que ele está “muito contente” com o seu governo, afirmando que todos os ministros “cumpriram a risca o que era para fazer”.
“Ao longo do tempo, que não precisa um mês do ano, pode ser no meio, no final do ano, o presidente vai mudando pessoas na medida que ele entende que tem que mudar as pessoas. Não faz parte do meu discurso, nunca nenhum jornalista ouviu eu dizer que vou fazer reforma de governo. Essa palavra não existe na minha boca, porque eu mudo quando quiser”, afirmou.
“Da mesma forma que eu convidei quem eu queria, eu tiro quem eu quiser na hora que eu quiser, é simples assim, sem nenhum problema”, disse Lula.
O presidente também foi questionado se atribui a queda de popularidade de governo às medidas econômicas da Fazenda. Lula não respondeu.
Neste ano, o presidente oficializou uma troca em seu governo com a entrada de Sidônio Palmeira, que foi marqueteiro de sua campanha presidencial em 2022, para comandar a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência),
Há também a expectativa de que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), assuma a Secretaria-Geral da Presidência —embora Lula ainda não tenha a anunciado oficialmente.
Os dois novos nomes entram no lugar de Paulo Pimenta e Márcio Macêdo, respectivamente.
No início de fevereiro, o presidente afirmou não ter pressa em fazer nenhuma mudança em seu governo e elogiou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um dos nomes que têm sido lembrado na bolsa de apostas para deixar o governo.
Outros nomes estão em alerta dentro do governo com possíveis chances de trocas em suas respectivas pastas. Um deles é o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que já afirmou, ao ser questionado, aceitar o que for decidido por Lula.
No desenho à mesa de Lula, também está a proposta de acomodação dos ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Com as passagem de bastão dos dois chefes do Congresso para Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), há expectativa de que os dois ex presidentes ocupem algum ministério.
Lula, no entanto, já afirmou que seu objetivo para Pacheco é de que o ex-presidente do Senado assuma o governo de Minas Gerais.
Também no início do mês, o presidente deu início a uma nova rodada de conversas políticas.