Lula diz que ‘mão invisível do mercado’ agrava desigualdade e que contestação ao sistema não pode ser ‘privilégio da extrema-direita’

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na quinta-feira (13) que a “mão invisível do mercado” agrava desigualdade e que a contestação ao sistema não pode ser “privilégio da extrema-direita”.

A declaração foi dada em um evento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça, um dia após o dólar engatar o seu quarto dia seguido de valorização e fechar em alta.

Na quarta-feira (12), Lula já tinha mencionado o mercado financeiro em outra declaração, no Rio de Janeiro, quando argumentou que o mercado era “uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade”.

A OIT, um braço da Organização das Nações Unidas (ONU), realiza a 112ª Conferência Internacional do Trabalho. A cúpula visa promover o trabalho digno e os direitos humanos no mundo.

“O extremismo político ataca e silencia minorias, negligencia os mais vulneráveis e vende muita ilusão. A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham mentiras e ódio”, afirmou Lula.

“A contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema-direita. A bandeira anti-hegemônica precisa ser recuperada pelos setores populares progressistas e democráticos”, completou o presidente.

Lula afirmou que a taxa de desemprego mundial tem projeção de leve queda, porém a “informalidade, a precarização e a pobreza são persistentes”.

“A renda do trabalho segue em queda para os menos escolarizados. As novas gerações não encontram espaço no mercado. Muitos não estudam, nem trabalham. Há elevado desalento”, disse.

O presidente declarou que justiça social e luta contra as desigualdades são “prioridades” do Brasil como atual presidente do G20.

Ele também destacou a importância da “Coalizão Global pela Justiça Social”, lançada no ano passado, e cujo objetivo é discutir questões temáticas relacionadas ao tema.

Inteligência artificial

Lula anunciou que o Brasil trabalhará para ratificar emenda das regras da OIT que propõe eliminar os assentos permanentes dos países mais industrializados no conselho da entidade.

“Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que contribuam para a resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global”, disse.

O presidente também disse que a OIT tem a “obrigação” de discutir um projeto de inteligência artificial com países do chamado Sul Global.

Preservação ambiental

Lula reforçou que o Brasil tem o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. A crise climática será prioridade na edição de 2025 da conferência da ONU do clima, a COP 30, em Belém.

Segundo Lula, as cheias no Rio Grande do Sul servem de exemplo para necessidade de combater mudanças climáticas.

“As enchentes que levaram destruição ao Sul do Brasil, ao Quênia e à China, e as secas na Amazônia, na Europa e no continente africano mostram que o planeta já não aguenta mais”, disse.

Sem citar o empresário sul-africano Elon Musk, proprietário da SpaceX e aclamado pela extrema-direita, Lula criticou a concentração de renda e mencionou a exploração de outros planetas.

“A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem os seus próprios programas espaciais. Certamente tentando encontrar planeta melhor do que a terra para não ficar no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles. Não precisamos buscar saída em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado, ela é a nossa casa”, disse.

Guerras

Lula voltou a criticar os gastos em conflitos armados pelo mundo, que retiraram trabalhadores do mercado e de suas famílias. O presidente repetiu que é preciso encerrar as guerras entre Ucrânia e Rússia e Israel e Hamas.

“Não à guerra entre Rússia e Ucrânia, não ao massacre na Faixa de Gaza em que as grandes vítimas são mulheres e crianças”, disse.

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