Lula evita condenar ditaduras e diz que é preciso focar no Brasil

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Lula e Daniel Ortega. Foto: ABr/Roosewelt Pinheiro

O candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), evitou condenar ditaduras de esquerda e afirmou que, na relação entre diferentes países, é preciso levar em conta os interesses do Brasil. O apoio a nações como Nicarágua e Venezuela é criticado pelo adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

– Nós temos que ter em conta que a relação de Estado com Estado será feita de acordo com os interesses estratégicos do país. O Brasil precisa exportar produto, comprar produto (…). O Brasil respeita a determinação dos povos, não quer que ninguém se meta na nossa política e que a gente não se meta na política de ninguém – declarou Lula em entrevista à Rádio Nova Brasil.

Ele pontuou que, quando era presidente, o Brasil tinha um superávit com a Venezuela de “praticamente quatro bilhões de dólares”. Lula disse ainda que, embora seja possível fazer críticas ao regime de cada país, cada um deve se responsabilizar pela sua própria política.

– Nós precisamos levar em conta os interesses do Brasil. Enquanto Estado soberano, a gente negociar para as pessoas. Negociar de Estado para Estado. Isso não é problema nenhum. Embora você possa fazer críticas políticas, possa não concordar com o regime daquele país, é um problema deles, eu tenho que cuidar do meu. E meu país será democrático – reforçou.

TETO DE GASTOS
Um dia após se reunir com economistas de viés liberal, como o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o candidato do PT à Presidência da República voltou a atacar o teto de gastos, o qual definiu como uma “pressão do mercado financeiro”. Apesar das críticas à âncora fiscal, ele reforçou que a responsabilidade fiscal “está dentro da concepção de governo que tenho”.

– Eu tenho uma experiência que ela tem que valer para muita coisa neste país. Eu sou contra o teto de gastos porque quando você faz o teto de gastos você estava pressionado pelo sistema financeiro que queria receber aquilo que o Estado lhe devia – disse Lula na entrevista à Rádio Nova Brasil.

Ele afirmou que, durante o seu mandato, o governo federal teve superávit primário em todos os anos, redução da dívida interna e crescimento das reservas internacionais.

O ex-presidente disse, mais uma vez, que, mesmo sendo defensor do equilíbrio nas contas públicas, é possível contrair dívidas para melhorar a produtividade do país.

– A responsabilidade fiscal está dentro da concepção de governo que tenho. A gente não pode gastar mais do que a gente arrecada, mas a gente pode contrair uma dívida se você for construir um ativo novo, alguma coisa que significa aumentar a produtividade do país, aumentar o escoamento da produção, aumentar a qualidade daquilo que nós produzimos – afirmou.

Instigado sobre anunciar nomes da equipe econômica para reduzir a desconfiança por parte do eleitorado, ele afirmou que não tomará decisões antes de eleito e que “não estou para tentar agradar eleitor desconfiado”. Lula voltou a dizer que não terá um “governo só petista” e afirmou estar consciente sobre a necessidade de montar uma “boa equipe”.

*AE

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