Lula: “Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente”

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Lula e Fernando Haddad. Foto: Ricardo Stuckert

Em meio à pressão provocada pela medida provisória que compensava a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia e municípios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, neste sábado (15/6), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em viagem oficial à Itália para participar da reunião da cúpula do G7, Lula concedeu entrevista a jornalistas e afirmou que enquanto for presidente da República “Haddad jamais ficará enfraquecido”. O ministro, nos últimos dias, chegou a ser pressionado por integrantes do próprio governo.

“Agora, o Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República. Porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim. Então, é o seguinte: se o Haddad tiver uma proposta, o que vai acontecer? Ele vai me procurar e vai sentar para discutir economia comigo”, afirmou o petista.

Haddad quase perdeu apoio dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), mesma sigla do presidente Lula, após circularem notícias de que o Ministério da Fazenda planejava estabelecer um teto de gastos para saúde e educação, o que, posteriormente, foi desmentido por Haddad.

Revisão do governo

O chefe do Executivo Federal disse que é a favor da revisão das despesas da União. A medida foi sugerida por Haddad, que informou que a equipe econômica do governo federal faz uma revisão “ampla, geral e irrestrita” dos gastos públicos.

Segundo o petista, “tudo aquilo que a gente detectar que é gasto desnecessário” não pode continuar sendo feito. “Eu quero antecipar, a gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres”, reforçou.

Para Lula, aqueles que criticam o déficit fiscal e os gastos do governo “são os mesmos que foram para o Senado [Federal] aprovar a desoneração [da folha dos 17 setores e municípios] e que ficaram de fazer uma compensação para suprir o dinheiro da desoneração e não quiseram fazer”.

“Então, eu disse para o Haddad: ‘Não é mais problema do governo, o problema agora é deles’. A decisão da Suprema Corte diz que dentro de 45 dias, se não tiver o acordo, está válido o meu veto. Aí não vai ter a desoneração”, declarou. “Agora os empresários se reúnam, discutam e apresentem para o ministro da Fazenda uma proposta de compensação”, completou.

Lula alfineta Campos Neto

Lula voltou a alfinetar indiretamente o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. De acordo com ele, nós estamos “reféns” de um sistema financeiro que “praticamente domina a imprensa brasileira”.

“A questão do déficit fiscal aparece na primeira página, na segunda página, na terceira página, ou seja, ninguém fala da taxa de juros de 10,25% num país com inflação de 4%. Ninguém fala. Pelo contrário, faz uma festa para o presidente do Banco Central em São Paulo“, disse.

“Normalmente, os que foram na festa devem estar ganhando dinheiro com a taxa de juros”, alfinetou Lula. “Então, eu acho que a discussão econômica é mais séria”, finalizou.

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