Lula minimiza apoio de Bolsonaro a Trump e repete críticas a Musk

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: 20/03/2023REUTERS/Adriano Machado

O presidente Lula (PT) minimizou na sexta-feira (8) o apoio de Jair Bolsonaro (PL) ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, alegando que o brasileiro não tem votos naquele país e não influiu no resultado.

Ele retomou ainda críticas ao empresário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), apoiador de Trump e que deve integrar o governo do republicano. “Olha, a única coisa que queremos é que esse empresário trate os países com respeito e não utilize fake news para informar o povo, seja o povo americano, seja o povo brasileiro.”

As declarações foram dadas em entrevista à CNN Internacional. Um primeiro trecho foi divulgado pela emissora. A íntegra foi ao ar na sexta (8).

Musk fez doações milionárias para a campanha republicana, foi lembrado em discurso de vitória e já recebeu convite para assumir o Departamento de Eficiência Governamental do governo Trump. No Brasil, o dono do X é aliado do bolsonarismo.

“O Bolsonaro era presidente e eu o derrotei. Se ele estava apoiando o Trump, ele não tem voto nos Estados Unidos, o Trump não teria ganho as eleições”, disse.

“Acho que cada candidato estabelece uma estratégia para ganhar as eleições. E eu quero dizer claramente ao povo americano: terei com o presidente Trump uma relação de respeito como chefe do Estado brasileiro. Espero que ele tenha uma relação de respeito com o Brasil como chefe do Estado americano. Ora, se nós estabelecemos essa linha de comportamento, de civilidade, de respeito, o resto fica tudo muito mais fácil”, completou.

A resposta foi dada ao ser questionado se a vitória do republicano poderia ser boa para Lula ou ajudar o ex-presidente a voltar ao poder. A entrevistadora chamou ainda Bolsonaro de “Trump dos trópicos”, e Lula sorriu.

O petista apoiou publicamente a democrata Kamala Harris, que saiu derrotada. Ele defendeu uma relação de respeito e civilidade com Trump. “Dois chefes de Estado, embora eles possam ter divergência política e ideológica, quando eles se encontram, o que prevalece é o interesse do Estado, não é o interesse pessoal”, disse.

A jornalista mencionou que muitos países estão sendo governados por idosos, como os Estados Unidos e o Brasil, e questionou se o presidente será candidato e se não é a hora de uma “geração mais jovem entrar em cena”.

Ele rebateu a visão de que pode estar com uma idade muito avançada para disputar um quarto mandato, afirmando que mantém boa saúde e condição física. E indicou que o principal é ter competência e não ser ser jovem.

“Governar não é jogar futebol, governar não é praticar esportes. Ou seja, não é o problema da juventude que vai resolver o problema da governança. O que vai resolver o problema da governança é a competência do governante, é o compromisso do governante, é a cabeça do governante, é a saúde e os compromissos do governante”, afirmou.

Lula repetiu ainda sua fala rotineira de que pretende viver até 120 anos e que cuida da sua saúde física, faz exercícios. Disse então que não é candidato à reeleição e que o pleito de 2026 será discutido apenas em dois anos.

Foi a terceira vez que Lula abordou publicamente o resultado da eleição americana. Horas após a confirmação, o mandatário brasileiro usou suas redes sociais para parabenizar o americano.

“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos EUA. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, escreveu.

Horas mais tarde, ele disse esperar uma relação “civilizada” com o americano, assim como ele manteve com outros presidentes dos EUA em seus dois primeiros mandatos.

“Não vou pensar o que pode acontecer de pior com a eleição de um presidente de um outro país. Não conheço pessoalmente o Trump. Conheço de ouvir dizer, de ler matéria dele, de ver ele na televisão. Mas eu espero que a convivência seja a convivência civilizada que eu já tive com o [George W.] Bush, que é do Partido Republicano, que eu já tive com o [Barack] Obama , que eu já tive com o [Joe] Biden”, afirmou.

Lula disse também que respeita pessoas que são eleitas democraticamente. Antes de vencer o pleito, Trump havia dito que aceitaria o resultado se a “eleição fosse justa”.

“Ele foi eleito presidente dos Estados Unidos. Ponto. Portanto, eu respeito o fato de ele ter sido eleito pelo povo americano. Eu espero que ele tenha a preocupação de trabalhar para que o mundo tenha paz. Eu espero que ele trabalhe para melhorar a vida do povo americano, para isso que ele foi candidato”, afirmou Lula.

Trump foi declarado presidente eleito dos Estados Unidos por volta das 7h30 de quarta (6), quando alcançou a marca de 276 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Além da vitória no colégio eleitoral, o novo presidente ainda sai fortalecido nas urnas por ter vencido no voto popular.

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