Lula reclama de empresas que não agradecem financiamento de governo; entenda

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: 20/03/2023REUTERS/Adriano Machado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, na sexta-feira (23), que as empresas que recebem financiamento público agradeçam ao governo federal. Em inauguração de uma fábrica de medicamentos da farmacêutica EMS no estado de São Paulo, Lula elogiou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e destacou números positivos de sua gestão.

“[A EMS] foi o único grupo econômico que nós chamamos em Brasília para discutir políticas para saúde em que todas as pessoas que fizeram discurso reconheceram a importância do BNDES, reconheceram a importância da Finep, reconheceram a importância do nosso vice-presidente na coordenação e reconheceram o papel do governo brasileiro. Porque normalmente as pessoas não agradecem; normalmente as pessoas vão lá, conversam com o Alckmin, o Alckmin faz um monte de coisa e daí quando elas saem a imprensa pergunta ‘satisfeito?’ [e aí respondem] ‘é insuficiente’”, disse Lula.

O presidente participou da inauguração da fábrica de polipeptídio sintético, medicamento para o controle de diabetes e obesidade, em Hortolândia (SP). É a primeira fábrica com nova tecnologia para produzir no Brasil moléculas liraglutida e semaglutida.

Segundo a EMS, a unidade vai gerar 150 empregos diretos e mil indiretos.

Estavam com ele as ministras da Saúde, Nísia Andrade; da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, além do vice-presidente, Geraldo Alckmin e da primeira-dama, Janja da Silva.

A EMS investiu R$ 70 milhões na instalação, sendo que R$ 48 milhões vieram de um convênio assinado com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em 2020, ainda no governo Jair Bolsonaro.

Nesta sexta Lula também criticou várias vezes a gestão de Bolsonaro, inclusive durante a pandemia de Covid-19, quando o ex-presidente fez campanha contrária à vacinação contra a doença.

“Agora, o Brasil vive outra vez um bom momento”, disse ele. “A massa salarial está crescendo, o salário mínimo está crescendo, a inflação está controlada; a gente percebe que a indústria está crescendo como há muito tempo não crescia, a gente percebe que estamos exportando, já abrimos 171 novos mercados para os produtos brasileiros, e o Brasil voltou a participar da geopolítica internacional”, disse Lula.

O atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também estava no evento. “Tivemos o resultado do banco com um crescimento de 94%. E atenção: nós temos praticamente o mesmo resultado de bancos como Itaú, como Banco do Brasil, uma pequena diferença, mas somos o terceiro resultado, com o dobro do Bradesco. São bancos que têm 90 mil empregados, nós temos 2.500, 2.450 servidores”, disse.

Mercadante também defendeu que o banco assuma riscos nos investimentos. “O Estado é fundamental na inovação porque um produto que você investe, pesquisa e faz, não necessariamente você chega no resultado, ou às vezes chega no resultado e não tem impacto no mercado. Então, é risco e, por isso, o Estado tem que compartilhar o risco”, afirmou.

A EMS aguarda agora autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para começar a produzir o medicamento.

Na sexta (23), aliás, Lula criticou o prazo da agência para dar a licença, uma das queixas do setor farmacêutico: “Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque um remédio que poderia ser produzido aqui não foi produzido porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida e atenda mais rápida os interesses do nosso país.”

Na semana passada, o BNDES anunciou financiamento de R$ 1,4 bilhão para a produção de medicamentos no país. Deste total, a EMS recebeu R$ 500 milhões para a produção de oito medicamentos genéricos para diabetes e câncer, além de anti-inflamatórios, antialérgicos, analgésicos e outros fármacos para ansiedade, insônia e náusea.

Amazônia

Ainda na sexta (23), Lula voltou a defender o desenvolvimento econômico da floresta amazônica e disse que os países ricos precisam pagar para o Brasil manter a floresta de pé –antiga reivindicação de países em desenvolvimento com grandes florestas tropicais.

“As pessoas precisam entender que o Brasil é dono do território da Amazônia, nós temos soberania sobre ele e não queremos transformar a Amazônia em um museu ou em um santuário. O que queremos é preservar a Amazônia sabendo que debaixo de cada árvore mora uma mulher, mora um homem, mora um pescador, mora um seringueiro, mora um indígena e que essas pessoas tem que ter o direito a sobreviver com dignidade, como todos nós queremos viver em qualquer lugar do mundo”, afirmou.

Lula já defendeu em várias ocasiões a extração de petróleo na Amazônia, ainda que ambientalistas ressaltem os danos que um possível vazamento de óleo geraria à biodiversidade da região.

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