Mãe de Elon Musk é cada vez mais requisitada internacionalmente; entenda

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Maye Musk em palestra no Cazaquistão - Pavel Mikheyev - 17.out.24/Reuters

Nos últimos seis meses, Maye Musk, mãe de Elon Musk, visitou a China, o Cazaquistão e os Emirados Árabes Unidos.

Hoje aos 76 anos, ela viaja pelo mundo há tempos para fazer trabalhos como modelo, promover palestras e divulgar sua autobiografia. Mas recentemente ela parece estar ainda mais requisitada, em especial fora dos Estados Unidos. Sua fama ganhou ainda mais significado agora que seu filho tem uma influência considerável sobre bilhões de dólares em gastos militares e em ajuda externa.

No final de 2024, ela visitou a China pelo menos quatro vezes para apoiar ou servir de modelo para sete marcas locais, incluindo produtos de maquiagem, jaquetas de plumas e equipamentos de massagem. Suas visitas foram promovidas por meios de comunicação estatais que no passado a citaram pedindo melhores relações entre Washington e Pequim.

Em outubro, três semanas antes da eleição presidencial americana, ela foi a principal palestrante de um fórum sobre mulheres no Cazaquistão, onde falou sobre o sucesso de seu filho, segundo relato da agência de notícias estatal local, Kazinform.

Depois, em janeiro, na semana anterior à posse de Donald Trump, ela esteve em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para participar de uma conferência oficial sobre influencer com o ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson. O título de sua palestra era “Como Criei Três Filhos Incríveis, Incluindo o Homem Mais Rico do Mundo”, de acordo com a agência Emirates News, também estatal.

Todas essas viagens ocorreram depois que Elon Musk se tornou um forte apoiador da campanha de Trump, e várias dos países que ela visitou recentemente tentam resolver problemas com Washington.

Pequim se opõe às tarifas recentemente anunciadas pelos EUA sobre seus produtos, e os líderes lá parecem ver Musk, que tem extensos interesses comerciais na China, como um potencial aliado. O Cazaquistão espera que o governo Trump acabe com as restrições ao comércio. E os Emirados Árabes Unidos compram armas de Washington e gastaram centenas de milhões com lobistas e doações a think tanks.

Maye Musk viaja há muito a trabalho, tanto dentro dos EUA quanto no exterior. Mas suas atividades na China se intensificaram nos últimos meses, segundo uma análise de suas postagens nas redes sociais nos últimos quatro anos feita pela reportagem.

Ela endossou cinco marcas chinesas em 2024, enquanto em 2023 viajou para o país principalmente para promover seu livro e trabalhar como modelo, tendo aparecido em um comercial.

A reportagem não conseguiu confirmar quanto a mãe de Musk ganhou no exterior nos últimos meses. Embora em seus endossos e palestras ela frequentemente enfatize sua conexão com Elon Musk, não há evidências de que ela tenha tentado influenciar a política do governo dos EUA. Tampouco há indícios de que ela tenha assumido trabalhos ligados ao regime chinês.

A agência de Maye Musk, a Creative Artists Agency, baseada em Los Angeles; sua gerente, Anna Sherman; e uma advogada que trabalhou recentemente para ela, Doreen Small, não responderam a perguntas sobre os compromissos internacionais dela, incluindo quanto ela ganhou para palestras e endossos de produtos. As cinco marcas chinesas que ela endossou no ano passado não responderam a perguntas sobre os cachês que ela recebeu.

De todo modo, as atividades dela levantam a possibilidade de que governos estrangeiros possam vê-la como uma via para se comunicar com Elon Musk, diz Scott Amey, conselheiro geral do Project on Government Oversight, projeto de supervisão do governo, um grupo de fiscalização independente. “O temor é que as pessoas a estejam usando para ficar a um grau de separação de seu filho —e a dois do Salão Oval.”

Musk já enfrenta preocupações éticas decorrentes da relação de seus negócios com o governo americano. A SpaceX, por exemplo, tem bilhões de dólares em contratos com o Pentágono. “Não precisamos de outros potenciais conflitos de interesse envolvendo sua família além da longa lista dos que já existem”, afirma Amey.

O FBI normalmente examina os contatos estrangeiros dos conselheiros presidenciais e seus familiares antes de conceder autorizações de segurança. Contatos de países vistos como adversários potenciais dos EUA, como a China, normalmente recebem mais escrutínio.

Não está claro se Maye Musk ou seus contatos foram submetidos a um exame do tipo. A Casa Branca disse que Elon Musk é um “empregado especial do governo”, um conselheiro de curto prazo sujeito à legislação federal de ética, mas não divulgou o status da autorização de segurança dele.

Elon Musk e seu advogado, Alex Spiro, não responderam a perguntas sobre o status de segurança dele ou o trabalho de sua mãe no exterior. O bilionário disse no dia 14 de fevereiro na plataforma social X que ele tem “autorização de segurança máxima há muitos anos”.

É claro que tanto Musk quanto sua mãe têm interesses na China, afirma Norman Eisen, ex-conselheiro de ética da Casa Branca na administração Barack Obama e fundador do State Democracy Defenders Fund, o fundo de defesa da democracia estatal, que processa Musk e sua equipe em nome de trabalhadores federais atuais e recentemente demitidos. (De fato, a empresa de Musk, a Tesla, fabrica metade de seus carros na China, por exemplo.)

Mas as viagens de negócios de Maye Musk para o país asiático e outros merecem atenção, prossegue Eisen. “Dado o papel excepcionalmente poderoso de Musk, que pode ser a pessoa mais influente no Executivo, até mais do que o próprio Trump, esses envolvimentos estrangeiros são motivo de preocupação”, afirma.

 

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