Mãe de menina morta por carro alegórico nega ter feito post

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Marcela Portelinha. Foto: Reprodução / Youtube / SBT Rio

Marcela Portelinha, mãe de Raquel Antunes, negou que tenha publicado um texto no Instagram da filha em sua própria defesa. Ela explicou que a autora da mensagem é uma amiga de sua filha, que possui acesso à conta na rede social.

O texto, que foi escrito como se fosse Raquel estivesse falando, pedia para que cessassem as críticas a Marcela. Alguns internautas vinham acusando a mãe da menina de ter parte da responsabilidade no acidente. A criança morreu no último dia 22, após ter as pernas imprensadas entre um carro alegórico e um poste perto da Sapucaí, no Rio de Janeiro.

– Foi a coleguinha que fez a postagem. Eu nem tinha visto, não estou mexendo em redes sociais. Não estou com cabeça. Eu não tenho condições – disse ela, em entrevista ao portal G1.

Marcela relatou estar vivendo “a base de calmantes” para amenizar a dor da perda.

– Ela faz muita falta. Muita mesmo. Você não tem noção. Tiraram um pedaço de mim. Ela era minha amiga, minha companheira. Eu mal consigo dormir, quando vou dormir já está de manhã – prosseguiu ela.

A mãe ainda contou que tem sido julgada e ofendida.

– Eu já recebi muita crítica. Para julgar e criticar tem um montão, mas para ajudar não tem ninguém. Mas tem pessoas falando que eu sou irresponsável, cachorra, vagabunda. É bem difícil – desabafou.

O texto em sua defesa foi publicado na conta de Raquel no Instagram. A mensagem diz que a criança subiu no carro alegórico por iniciativa própria e pede a Marcela que seja forte e corajosa.

– Oi, eu sou uma anjinha, não posso responder por mim, então é minha mãe que está falando com todos vocês. Sou eu, Raquel. Vim dizer que amo todos vocês e estou vendo o sofrimento de vocês por mim. Todos que estão criticando a minha mãe, Marcela, a culpa não é dela. Subi por conta própria. Não tenho muito tempo para falar. Mãe, eu te amo. Seja forte e corajosa. Não temas e não desanime. Sou teu Deus – diz o texto.

RELEMBRE O CASO
De acordo com relatos da família, os parentes se encontravam em uma lanchonete próxima ao Sambódromo no último dia 21, quando Raquel se distanciou deles para admirar os carros alegóricos. A garota subiu em um dos veículos enquanto ele ainda estava parado, na rua Frei Caneca. Quando o carro começou a se locomover por uma via estreita, ela acabou tendo as duas pernas imprensadas contra um poste, sofrendo luxações e fraturas expostas.

A criança foi levada às pressas para o Hospital Souza Aguiar onde passou por complexa cirurgia de oito horas, e precisou ter uma das pernas amputadas. Ela ainda sofreu parada cardíaca e traumas no tórax. A menina não resistiu e veio a óbito no dia 22, após apresentar hemorragia interna.

A mãe de Raquel prestou depoimento na 6ª DP (Cidade Nova), na tarde do dia 25 de abril. Na ocasião, ela chegou ao local chorando ao lado de outras três mulheres. Quatro dias antes, ela concedeu uma entrevista ao SBT Rio e disse não ter recebido ajuda da escola de samba envolvida.

– Ninguém procurou. Eles não foram lá no hospital. A gente deu entrada onze e pouca da noite, aí ela subiu às pressas para a sala de cirurgia, ninguém compareceu, só os dois policiais que estavam lá. Eles tiraram fotos do carro e falou que já estavam indo para poder agir as outras coisas. E eles em momento nenhum deram alguma ajuda, nem apareceram – declarou Marcela.

A Polícia está investigando o caso como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O motorista que conduzia o carro alegórico foi ouvido pela polícia, mas mudou seu depoimento após contradições. Segundo a delegada responsável pelo caso, Maria Aparecida Mallet, o condutor disse que não havia visto nenhuma criança a não ser Raquel brincando próximo à alegoria. As imagens da câmera de segurança e testemunhas, entretanto, mostraram que havia várias crianças no carro, não apenas Raquel.

De acordo com informações do jornal O Globo, o coordenador de dispersão da Liga Independente do Grupo A, José Crispum Silva Neto, relatou às autoridades que Raquel foi a única das cinco crianças que não conseguiu pular de cima do carro alegórico quando o motorista, que não foi identificado, iniciou o reboque do veículo. Ainda de acordo com José, pessoas no entorno chegaram a gritar para o condutor parar, pois havia “criança em cima do carro”.

Além disso, o carro alegórico apresentou dificuldades de locomoção, antes, durante e depois do desfile. Ele foi apreendido após o acidente e passa por análise no peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

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