“Mainha do crime” é investigada sob suspeita de participar de morte de delegado em SP, diz polícia
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Suedna Barbosa Carneiro, 41, foi presa sob suspeita de ser a chefe de uma quadrilha de assaltantes que atua em bairros ricos de São Paulo - Divulgação
Suedna Barbosa Carneiro, 41, presa em flagrante na manhã da terça-feira (18) em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, e apontada como chefe de uma quadrilha especializada em roubos com motos, é investigada por participação na morte do delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior, segundo a polícia.
Com ela, foram encontrados três armas, 18 celulares, R$ 21 mil, computadores, motos e joias, entre outros itens.
“A função dela nesse crime é fornecer armamento mediante paga [aluguel] e comprar os objetos que são roubados por essas equipes de ladrões. Então, ela faz parte já da investigação da morte do doutor Belarmino porque ela forneceu arma, ela forneceu os capacetes, a bag. E ela, talvez, tenha comprado o celular dele”, disse Marcel Druziani, delegado titular do 11° DP (Santo Amaro).
Câmeras de segurança filmaram o momento da morte do delegado, em meados de janeiro, no bairro de Santo Amaro (zona sul). Belarmino andava pela rua quando um motociclista, que havia estacionado ao lado de uma caçamba, vai até ele e aponta uma arma. Em seguida, ele parece tomar a arma do policial e dispara contra o agente, que tenta correr, mas é atingido e cai na rua poucos metros depois da caçamba.
As equipes passaram a investigar a movimentação da moto pelos sistemas de câmeras de monitoramento espalhadas pela cidade. Segundo o delegado, a motocicleta teria feito o circuito favela de Paraisópolis, Itaim Bibi, onde foi usada para cometer crimes, Campo Belo e Santo Amaro, para depois retornar ao mesmo local.
De acordo com o delegado, a prisão de um suspeito de envolvimento na morte do delegado ajudou nas investigações.
Suedna seria muito conhecida em Paraisópolis, segundo Druziani. “Ela já foi presa. Ela é contumaz com essa conduta de comprar objetos roubados e de fornecer armamento para ladrões. Ela já foi presa por esse motivo em outras situações”, disse.
Os investigadores teriam chegado a diversos suspeitos de integrar a quadrilha supostamente comandada por Suedna.
“Nós temos entre prenomes e nomes concretos, já identificados, em torno de sete a oito pessoas. Nós temos conhecimento de que são oito ou nove motos pinadas [adulteradas] que trabalham com esses ladrões, que eles trocam de motos, trocam as placas, trocam os capacetes, trocam as bags, ou seja dificultam muito o trabalho da polícia para conseguir identificá-los.”
O delegado acredita que uma das armas apreendidas com Suedna teria sido usada na morte de Belarmino, mas que a comprovação depende de exame balístico. Ele afirmou que a arma apreendida é muito parecida com a que aparece nas imagens da câmera. Além disso, o capacete usado pelo atirador estaria na casa da suspeita, afirmou.
Ainda segundo Druziani, há indícios de que a morte do ciclista Vitor Medrado, 46, em 13 de fevereiro, também teria ligação com a mesma quadrilha.
“Trata-se de uma suspeita muito forte porque nós verificamos que eles fazem um circuito que envolve Santo Amaro, depois desce para Monções, Brooklyn, Itaim Bibi, Pinheiros. Eles fazem assaltos nessa região. A perícia vai ser feita. As armas serão mandadas para a perícia para constatação da morte do doutor Belarmino como também do ciclista da área do 15° DP”, disse.
A quadrilha ainda pode ter ligação com a tentativa de assalto à médica Marilia de Godoy Dalpra, 67, que foi agredida na madrugada de sábado (15), no bairro Continental, zona oeste, disse o delegado, porque o modus operandis é o mesmo.
Em depoimento, Suedna admitiu, de acordo com Druziani, que as armas e os outros materiais são roubados, mas negou que fomente o crime.
“Tem um relacionamento antigo entre eles e realmente há essa troca de favores, vamos dizer assim. Ela cede as armas por dinheiro e eles usam as armas, depois devolvem”, explicou.
A mulher manteria uma espécie de bunker do crime, ainda segundo a investigação.
“Ela é educada. Não é uma pessoa jocosa, não grita, não faz escândalo, fala bem. É mãe de três crianças, tem família. Ela tem um mocó para esconder as armas, dinheiro e produtos de crime. E tem um outro [local] que ela mora realmente, não muito distante dali, a mais ou menos 1,5 quilômetro de distância”, explicou.