O deputado Arthur do Val, na Assembleia Legislativa de SP - Eduardo Knapp-15.dez.19/Folhapress

Por Denise Mirás

O que leva um indivíduo a ser apelidado de Mamãe Falei? E a ser eleito como representante de alguém? E sob apoio de um desgoverno absoluto? Respostas em algum capítulo do próximo milênio. Talvez. O fato é que Arthur do Val, dito instrutor de tiro, conseguiu se tornar deputado estadual. E, como tal, pediu licença do cargo público (diz-se, não-remunerada) para “ir à guerra”. Com sua “equipe”. Por meio de “contatos”. E, em meio à crise humanitária mais grave do século, em vez de mostrar a similares a imagem macha que pretendia, acabou sacudido em um ônibus na beira da Polônia, gaguejando pateticamente em vídeo sobre mísseis caindo enquanto fugia para o mato. Nem adianta apelar para um Mamãe Falei Que Era Fake.

Não havia bastado o Mamãe Falei que “ucranianas são fáceis porque são pobres”. Sem rédeas, seguiu mostrando sua enorme pobreza gravada para a eternidade. Sobre a rapidíssima pisada dentro da Ucrânia, se mostra surpreso com bombardeios na madrugada, quando “nem sei nem o que falar”, “veio um caça”, “soltou um míssil em cima da gente”, “a gente saiu correndo para o meio do mato”, “começou a soltar muito mísseis em cima da gente”. Sim, Mamãe Falei, “acabaram com tudo”. E “vocês não tão entendendo o que é no caso soltar um míssil em cima da gente”, “é muito sério isso”, “eu não imaginava o que era uma guerra”, “graças a deus a gente tomou a decisão certa de sair na hora certa”. “A Legião foi exterminada de uma vez só, graças a deus que eu saí antes.” (!)

Viveu para montar esse espetáculo de auto-enterro. Mas ficou longe de concorrer a algum cargo executivo, perto de ser cassado pelo legislativo. E talvez também perto até de ser processado por crime de guerra, por violar convenção internacional como parlamentar-brasileiro-fabricando-coquetéis-Molotov. Tchau Mamãe.

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