Mauro Cid presta novo depoimento à PF e é questionado sobre mensagens de trama golpista
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, prestou um novo depoimento à PF (Polícia Federal) na quinta-feira (5) sobre a trama golpista no fim de 2022.
Cid foi questionado pelos investigadores da PF sobre o teor de algumas mensagens de militares que participaram do plano Punhal Verde e Amarelo, que pretendia assassinar o presidente Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
O depoimento durou cerca de uma hora. Segundo pessoas que participaram da oitiva, o objetivo do novo depoimento foi o de buscar informações para preencher lacunas da investigação, que teve o relatório final enviado para PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana anterior.
Mauro Cid foi questionado na quinta-feira (5), pela primeira vez, pelos policiais federais sobre o plano de assassinatos. Ele reforçou o que já havia dito a Moraes e negou ter conhecimento do planejamento de matar autoridades, segundo relatos.
Mesmo com a conclusão do inquérito principal sobre a trama golpista, investigações e diligências seguem sendo realizadas, segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Em café com jornalistas na quarta-feira (4), Andrei disse que a PF realizou mais diligências sobre a trama golpista após entregar o relatório final, entre elas, ouvir novamente o tenente-coronel.
A determinação para ouvi-lo novamente veio de Moraes. Cid havia prestado depoimento, há duas semanas, ao próprio ministro do STF, quando teve sua delação premiada balançada após a PF informar que ele teria omitido informações sobre o plano para matar autoridades.
Moraes considerou que Cid apresentou importantes informações em depoimento ao STF e manteve válido o acordo de colaboração. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi contra a anulação da delação.
Dias antes da PF concluir o relatório da trama golpista, os investigadores deflagraram a operação Contragolpe, que prendeu os principais participantes do plano de assassinato de Lula. Foram presos o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, e o policial federal, Wladimir Soares.
A avaliação de pessoas familiarizadas com a investigação é de que o novo depoimento de Mauro Cid não trouxe esclarecimentos novos, mas apenas arredondou informações da investigação que já estavam presentes.
A equipe de investigação fez um comentário sobre as frequentes entrevistas do advogado de Cid, Cezar Bittencourt. Recentemente, em entrevista à GloboNews, Cézar se contradisse após afirmar que Bolsonaro “sabia de tudo”, mas pouco tempo depois, ele recuou da declaração.
Cezar Bitencourt é o terceiro advogado de Mauro Cid desde que o militar foi preso pela primeira vez, em maio de 2023. A atuação dele tem sido marcada por avanços e recuos em declarações sobre as investigações do golpe e da venda de joias.