“Meu pai não reagiu. Entregou o carro e levou um tiro na cabeça”, diz filho de cirurgião

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Italo Marsili. Foto: Reprodução/YouTube

Rio de Janeiro – Filho do cirurgião plástico Claudio Marsili, morto com um tiro na cabeça nessa terça-feira (19/10), no Rio de Janeiro, o médico Ítalo Marsili fez uma live para falar sobre a perda do pai. Além de fazer homenagens, ele ainda contou como foi chegar ao local do crime, na Barra da Tijuca, na zona oeste, e encontrar o corpo.

Claudio Marsili levou um tiro na cabeça na manhã dessa terça-feira, na Rua Fernando Mattos, a 500 metros da sede da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga o crime.

“Meu pai não reagiu, entregou o carro dele, carro 2017, e levou um tiro na cabeça. Ele caiu, e eu pensei nas famílias que gritam nas televisões pedindo justiça, querendo que a justiça seja feita”, disse Ítalo, que é psiquiatra, influenciador e criador de um programa de desenvolvimento pessoal chamado Guerrilha Way.

O médico fez questão de exaltar as qualidades do pai e de como ele era importante na sua vida e das pessoas que o cercavam.

“Meu pai era um tipo de sol. Um leonino típico, não pela exibição, mas pela luz que emanava dele. Luz alegre, feliz e transmitia isso pra gente a todo tempo. Não pude deixar de notar o pesar nos olhos dos funcionários e colegas de trabalho dele, um sentimento de saudade antecipada pelos dias em que não vão mais contar com sua alegria no dia a dia, com seu assovio no centro cirúrgico”, afirmou.

Dono de falas exaltadas e do bordão “trabalhe, sirva, seja forte e não encha o saco”, Ítalo tentou, durante a transmissão, demonstrar força e tranquilidade ao falar do crime, sem deixar de lado a emoção por ter perdido o pai. “Um dos grandes com quem tive a honra de conviver nesta vida”, frisou.

“Logo que cheguei, eu pude abraçá-lo e beijá-lo. (…) E um amigo me mandou uma mensagem de brincadeira, e eu escrevi pra ele: ‘reze pelo meu pai, ele está assassinado aqui nos meus pés’. Ele imediatamente vestiu sua batina, colocou sua estola roxa e foi até o local. Ele pôde oferecer ao meu pai os últimos sacramentos ali na rua. (…) Meu pai era alguém que fazia planos, planos alegres e generosos”, contou.

Ataque ao chegar no trabalho

Claudio Marsili tinha 64 anos e foi atacado quando chegava para trabalhar na Clínica Vitée, de cirurgia plástica e estética, na região do Jardim Oceânico, área nobre da Barra da Tijuca. Segundo Ítalo, chamou a atenção a delicadeza de quem depositou um girassol no local do crime, que ele encontrou por volta das 17h, quando retornou à rua em que o pai foi morto.

“Aquela rua, que pela manhã era choro e prantos, à tarde era indiferença e passagem, exceto por um detalhe material. Havia um girassol num vaso exatamente no lugar onde meu pai tinha caído. Alguma alma delicada colocou ali já como um memorial. Eu parei o carro no meio da rua, atrapalhei um pouco o trânsito, fui até aquele girassol e sorri”, relatou.

Corpo será cremado

O corpo do cirurgião plástico será cremado às 13h30 desta quarta-feira (20/10), no Memorial do Carmo, no Caju, zona norte do Rio. No comunicado compartilhado no perfil do Instagram do próprio Marsili, consta que o velório está marcado para as 10h. Duas horas depois, acontecerá uma missa em homenagem a Claudio.

“Meu pai era um homem cheio de valores, e hoje ele se foi. Levou um tiro na cabeça e, logo em sequência, eu fiquei sentado ali durante muitas horas ao lado do corpo dele. E foi tudo muito ágil, a polícia foi muito prestativa e muito ágil, muito carinhosos. Eu fiquei ali refletindo sobre Deus. (…) Meu pai não reagiu, entregou o carro dele, carro 2017, e tomou um tiro na cabeça, caiu, e eu pensei nas famílias que gritam nas televisões pedindo justiça. Querendo que a justiça seja feita. Olha, francamente falando, do ponto de vista humano, eu não estou discutindo, mas se o que estivesse no meu coração fosse um desejo de justiça, olhando para as minhas misérias, olhando para quem eu sou, olhando para o bem que eu não faço, estou falando de mim. Só o que eu peço é justiça, lembrando que com a mesma régua que eu medi eu vou ser medido e com o mesmo peso que eu julgar eu vou ser julgado, naquele momento eu só consegui pedir misericórdia a Deus”, relatou Ítalo.

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