Bolsonaro achou que teria algum sucesso com os seguidores de Olavo em ministérios estratégicos: Educação, Relações Exteriores e Meio Ambiente, sem contar o gabinete do ódio. Os admiradores do guru praticaram uma política de destruição e fragilizaram o governo. Nas cordas, Bolsonaro demitiu todos e tentou se escorar nos militares. Mas a militarização foi rechaçada pelas Forças Armadas e também fracassou. O presidente então entregou o poder ao Centrão, que até esse momento ainda procura estender suas garras para toda a administração. É a terceira e, provavelmente, última fase do governo.
Assim como o trumpismo, o bolsonarismo pode continuar existindo após a provável derrota de Bolsonaro em outubro. Mas o movimento está esfacelado. Escanteada, a ala ideológica (representada por nomes como Abraham Weintraub e Ricardo Salles) está em pé de guerra com a ala política. As eleições devem selar o divórcio. Cada vez mais distantes, os militares estão mais à vontade para criticar o governo e exercer sua independência institucional (vide o caso das declarações do diretor-presidente da Anvisa, um contra-almirante).
O Centrão abraçou o bolsonarismo com avidez e por oportunismo, mas já acena para Lula. O bolsonarismo parece voltar à sua feição original, sem força para sustentar um projeto de poder (o partido Aliança pelo Brasil nem saiu do papel). É um mau sinal para Lula. O PT precisa brandir a ameaça da reeleição de Bolsonaro para apagar seu passado e voltar ao poder. Com o derretimento de Bolsonaro, essa tarefa vai ser mais difícil.