Motorista do Porsche diz que fraturou costelas e rosto em acidente e que voz pastosa em vídeo de amigos foi ‘brincadeira’; assista depoimento completo

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Fernando Sastre De Andrade Filho, 25, conduzia Porsche envolvido em acidente na avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, na zona leste de SP - Reprodução/TV Band - 1.abr.24/Folhapress

O motorista do Porsche azul, Fernando Sastre Filho, preso sob a acusação de beber e causar um acidente trânsito a mais de 100 km/h que deixou um homem morto e outro ferido, em 31 de março, na Zona Leste de São Paulo, foi interrogado pela primeira vez pela Justiça.

O portal teve acesso ao vídeo da audiência de sexta-feira (2/8) (veja acima). Ele mostra o empresário sendo ouvido por causa da morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, e de ferir gravemente o estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha.

“Eu fraturei duas costelas e se eu não me engano, três ossos da face”, disse Fernando ao ser questionado pelo juiz Roberto Zanichelli Cintra se havia se machucado no acidente. “Tava sangrando o meu nariz e minha boca.”

Veja depoimento completo abaixo:

Interrogatório por videoconferência

O interrogatório foi conduzido pelo magistrado da 1ª Vara do Júri, no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista. A pedido de sua defesa, Fernando falou por videoconferência direto da penitenciária de Tremembé, interior paulista, onde está preso preventivamente.

A declaração de Fernando de que teve fraturas nunca havia sido dita antes por ele à polícia e nem na entrevista que deu após o acidente ao Fantástico, da TV Globo. Apesar disso, o juiz não perguntou onde e quando o empresário soube das lesões nos ossos, se há exames comprovando isso. Ou até mesmo se ele passou em algum hospital que comprovou esses machucados.

Juiz Roberto Zanichelli Cintra (à esquerda) interroga Fernando Sastre Filho (à direita). Empresário foi ouvido por videoconferência da prisão em Tremembé — Foto: Reprodução
Juiz Roberto Zanichelli Cintra (à esquerda) interroga Fernando Sastre Filho (à direita). Empresário foi ouvido por videoconferência da prisão em Tremembé — Foto: Reprodução

Por quase 50 minutos, Fernando respondeu às perguntas do magistrado, do Ministério Público (MP), da assistência de acusação e de seus advogados. Essa etapa do processo, chamada de audiência de instrução serve para o juiz decidir se levará o réu a júri popular para ser julgado pelo crime.

Fernando é acusado pelo MP de homicídio por dolo eventual (por ter assumido o risco de matar Ornaldo) e lesão corporal gravíssima (ao ferir seu amigo Marcus, que estava no banco do carona do Porsche).

Segundo a promotora Letícia Stuginski Stoffa, testemunhas confirmaram que o empresário bebeu antes de dirigir e, de acordo com laudo pericial, estava correndo, e bateu o carro de luxo a 136 km/h. O limite de velocidade da Avenida Salim Farah Maluf é de 50 km/h.

O empresário Fernando Sastre, que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana — Foto: Reprodução
O empresário Fernando Sastre, que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana — Foto: Reprodução

Réu diz que voz pastosa foi ‘brincadeira’

Um de seus defensores, o advogado Elizeu Soares de Camargo Neto perguntou se um vídeo que mostra Fernando dizendo “vamos jogar sinuca” com voz pastosa, sugerindo que ele estivesse bêbado antes do acidente, demonstra um fato real ou de descontração.

“Eu tava fazendo uma brincadeira”, respondeu Fernando sobre a gravação feita pela estudante Juliana de Toledo Simões, namorada de Marcus. A filmagem faz parte do processo. Quando o casal foi ouvido em 28 de junho pela Justiça, ele havia dito que o empresário havia bebido antes de dirigir.

Nesta sexta, Fernando se emocionou ao lembrar de como Marcus ficou ferido. Mas negou novamente que tenha bebido ou corrido antes do acidente. Ele disse que a Polícia Militar (PM) o liberou sem fazer o teste do bafômetro para que sua mãe o levasse a um hospital. Mas que desistiu de ir após ser ameaçado pelas redes sociais.

Seus advogados ainda anexaram nesta semana ao processo um parecer técnico feito por uma perícia particular que aponta, segundo o documento, que a polícia não tem provas de que Fernando estava embriagado antes de dirigir.

Durante o interrogatório, o empresário falou ainda que achava estar dirigindo a uns 60 km/h. E que desviou de um veículo e de repente viu o carro de Ornaldo e não conseguiu frear a tempo, batendo na traseira dele. Durante o interrogatório, Fernando tratou o acidente como uma “fatalidade”.

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