Novo auxílio-gás deverá custar R$ 3,5 bi em 2025 e será bancado por redução de despesas

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O presidente Lula, entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (esq.) e o chefe da Casa Civil, Rui Costa (dir.), durante reunião em 3 de outubro de 2024, no Palácio do Planalto, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

O governo anuncia nos próximos dias a reformulação do desenho do programa de auxílio-gás. A nova proposta prevê o financiamento do benefício somente com despesas orçadas no Orçamento, e a ideia é gastar em 2025 o mesmo valor da versão atual, em torno de R$ 3,5 bilhões.

A proposta elimina a autorização para que o benefício seja concedido às famílias de baixa renda por meio de renúncias não tributárias.

A mudança será explicitada no projeto de lei enviado ao Congresso pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agosto passado. O projeto acabou gerando grande ruído no mercado financeiro, piorando a percepção de risco futuro para as contas públicas com a tentativa do governo de pagar o benefício fora do Orçamento.

O espaço no Orçamento de 2025 será obtido por meio de ajuste das despesas obrigatórias, segundo informaram ao jornal Folha pessoas do governo que participam da elaboração da proposta.

Ou seja, o governo vai complementar o Orçamento do programa contando com a previsão da queda do ritmo de crescimento de algumas despesas obrigatórias. Para isso, será preciso refazer o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária) de 2025, que deverá ser votado até o final deste ano. O PLOA já será apreciado prevendo o novo valor.

O subsídio do governo na concessão do botijão de gás será dado considerando o tamanho de cada família. Dessa forma, o custo do programa, que custaria em torno de R$ 7 bilhões, poderá cair para um orçamento em torno de R$ 3,5 bilhões. A modulação será feita de acordo com o número de integrantes da família.

Na avaliação de um auxiliar do presidente Lula, o anúncio da solução do impasse em torno do desenho do novo programa do auxílio-gás será um sinal importante para os agentes econômicos e o mercado financeiro de resiliência ao arcabouço fiscal (a nova regra fiscal).

O projeto original do governo previa um repasse direto de recursos ligados ao pré-sal para a Caixa Econômica Federal sem passar pelo Orçamento, em uma operação que foi vista por especialistas como um drible nas regras do arcabouço fiscal.

Pelo projeto, a Petrobras ou empresas privadas comprariam o óleo da União, mas efetuariam parte do pagamento à Caixa, que usaria o dinheiro para bancar os descontos no botijão de gás.

A União hoje vende sua fatia no óleo excedente do pré-sal e recebe a verba por meio do Fundo Social, idealizado para financiar projetos de combate à pobreza e desenvolvimento de projetos em áreas como saúde e educação.

O valor repassado ao banco seria deduzido daquilo que a companhia precisa efetivamente recolher ao Fundo Social. Nesse modelo, há uma renúncia não tributária.

Hoje, o auxílio é pago em forma de transferência direta às famílias. O repasse é previsto no Orçamento e é contabilizado dentro do limite de gastos do arcabouço fiscal.

Negociadores diretos do presidente Lula já se reuniram com o relator do projeto, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), para pedir o ajuste no texto para deixar que o programa fosse executado só por meio da despesa sujeita ao arcabouço. Ao jornal Folha, eles negaram informação que circulou na quinta-feira (5) no mercado financeiro de que o Palácio do Planalto deu aval para manter o projeto como está.

O envio do projeto do auxílio-gás antes da apresentação do PLOA ao Congresso permitiu, na prática, que a equipe econômica ganhasse mais espaço para acomodar outras despesas. Na peça, a verba destinada ao programa caiu de R$ 3,5 bilhões para R$ 600 milhões —um corte de 84%. Agora, essa dotação será recomposta.

A mudança no projeto tem o aval do presidente Lula, como informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o anúncio do pacote fiscal.

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