A despeito do compromisso firmado com adversários do regime para que haja observadores internacionais, a eleição tem as cartas marcadas para Nicolás Maduro vencer.
A Justiça bolivariana, composta por cupinchas do atual ditador, singelamente tirou do páreo a principal voz da oposição, Maria Corína Machado, inabilitando a sua candidatura por 15 anos.
Maria Corína Machado não poderá concorrer “por estar envolvida na trama de corrupção orquestrada” por Juan Guaidó, o oposicionista que durante certo tempo foi reconhecido por 50 países, inclusive o Brasil, como o presidente legítimo da Venezuela. Juan Guaidó também foi impedido de concorrer, é claro.
O regime que causou o êxodo de 6 milhões de venezuelanos e espalhou a fome e a miséria por um país outrora arrumado acusa os oposicionistas de participar de uma “conspiração” que causou “o bloqueio criminoso da República Bolivariana da Venezuela, bem como a desavergonhada desapropriação de empresas e riquezas do povo venezuelano no exterior, com a cumplicidade de governos corruptos”.
Sem-vergonhas são Nicolás Maduro e os seus asseclas. Não bastasse a eliminação da candidatura de Maria Corína Machado de Juan Guaidó eles também trataram de impedir que Henrique Capriles, outro oposicionista, concorra.
Lula, amigo histórico da ditadura bolivariana, diz estar feliz com a eleição na Venezuela. E ainda inocula uma vacina no processo espúrio, antecipando-se à acusação inevitável de fraude.
Ele afirmou hoje que o país vizinho “precisa de eleição altamente democrática para reconquistar espaço de participação cidadã nos fóruns internacionais”. E acrescentou, cinicamente: “Quem sabe (a eleição altamente democrática) se estenda até Cuba. Estou feliz que finalmente está marcada a data das eleições na Venezuela, e eu espero que as pessoas que estão disputando as eleições não tenham o hábito do ex- presidente desse país (Jair Bolsonaro) de negar o processo eleitoral, as urnas, a Suprema Corte”.
Não há Bolsonaros na oposição venezuelana. E a Suprema Corte da Venezuela não conta com juízes dignos desse nome, foi reformada em 2022 para ter uma maioria de fantoches togados de Nicolás Maduro. A eleição presidencial na Venezuela será uma farsa e o Brasil de Lula será cúmplice.