Sergio Moro. Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Por Ricardo Noblat

A entrevista de Sergio Moro ao Correio Braziliense neste domingo mostrou algumas de suas prioridades. Vender seu livro e ser presidente da República. Manter a confiança em seu discurso liberal e anticorrupção vazio. Oferecer-se como opção da direita, criticando Bolsonaro. E acenar que o seu vice está à venda.

Não venha com essa história de terceira via. Moro sabe que é o plano B da direita e briga com Bolsonaro, ninguém mais. Vai peitar o PT como plataforma de campanha, mas só vai apontar sua metralhadora sem carisma para a esquerda no segundo turno que espera disputar.

Guarde essa declaração: “Vamos ter pessoas, junto do nosso projeto, trabalhando com a rede social. Mas sem a utilização de robô, de fake news, de mentira. E sem agredir e sem ofender ninguém. Não vou entrar nesse baixo jogo”.

Ela tem o mesmo valor de sua entrevista à Veja, quando disse que não se candidataria a nenhum cargo porque isso comprometeria a credibilidade da Lava Jato. Foi ministro do presidente que ajudou a eleger e agora é candidatíssimo.

Lava Jato? Será como a religião para Bolsonaro. Soltou, como quem tem uma ideia em uma conversa de boteco, seu plano de criar uma corte nacional anticorrupção. “A ideia é utilizar as estruturas já existentes e atrair para a corte nacional anticorrupção os melhores servidores e os melhores magistrados do Judiciário”. Para intensificar o combate à corrupção, “temos que pensar um pouco fora da caixinha”, afirmou. Que a Vaza Jato nos proteja!

E antecipou seu quase slogan. Combate à corrupção acima de todos. As pessoas acima de tudo: “A ideia da nossa proposta é colocar as pessoas em primeiro lugar. As pessoas acima de tudo […] acredito que a verdade está dentro das pessoas.

Criticou respeitosamente o STF e diz que sua suspeição foi um erro. Mas evitou aprofundar o tema – e será duramente cobrado por isso até as eleições. Para Moro, divulgar áudio ilegalmente, ser cúmplice do Ministério Público, levantar o sigilo da delação de Palocci a poucos dias de uma eleição, tudo isso e tem mais, trata-se de uma decisão equivocada do STF.

Sobre Bolsonaro, diz que não se arrepende de sua passagem como ministro e ataca: “O presidente não tem projeto de país. O único projeto é a reeleição. O presidente não é uma liderança que inspira as pessoas”. Nesse ponto, há que se concordar que Moro, excetuando-se o tema da reeleição, parece falar de si mesmo.

O ex-juiz acredita no “poder de inovação do setor privado”, porém reconhece que políticas sociais são fundamentais e defende os programas de transferência de renda. Sua solução é investir na educação, afinal foi professor, estudou em escola pública. Previsível.

Deixou claro que quer liderar a direita. “O navio já zarpou” e que negocia o vice de sua chapa, ao afirmar que dialoga com União Brasil, Novo, Cidadania e PSDB. Sua confiança dependerá das pesquisas.

Por fim, disse querer manter uma relação saudável com a imprensa e valorizará os jornalistas. Isso está garantido. Desde os tempos da Lava Jato.

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