O que está por trás do encontro entre o ministro Mauro Vieira e o chanceler da Rússia para expandir o Conselho de Segurança da ONU

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Mauro Vieira. Foto: Reprodução

por Américo Martins

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, aproveitou a realização da Assembleia-Geral da ONU para discutir a proposta de reforma do Conselho de Segurança da ONU com o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, e com representantes do chamado G4.

Vieira e Lavrov, que já se reuniram outras vezes este ano, inclusive durante uma visita do chanceler russo a Brasília, focaram a conversa bilateral na expansão do Conselho de Segurança.

A guerra na Ucrânia também foi abordada, mas de forma lateral, segundo fontes do Itamaraty.

A Rússia, um dos cinco países que têm assento permanente no órgão, já defendeu várias vezes a candidatura do Brasil para a mesma posição.

Lavrov reforçou o apoio ao governo brasileiro e afirmou que Moscou é favorável à entrada de mais países do mundo em desenvolvimento no conselho.

Pela ótica do Kremlin, essa seria uma forma de diluir o poder dos países ocidentais no órgão, que hoje conta com Estados Unidos, Reino Unido e França — e forjar um reequilíbrio de forças no tabuleiro geopolítico internacional.

O Brasil vem reivindicando um assento permanente há décadas e também já recebeu o apoio verbal do Reino Unido e da França.

Reunião com o G4

Além do encontro com Lavrov, Mauro Vieira também tratou desse tema com as ministras das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock e do Japão Yoko Kamikawa, e com o vice-ministro do Ministério dos Negócios Exteriores da Índia, Sanjay Verma.

Esses países são conhecidos como G4, um grupo criado com o objetivo explícito de trabalhar em conjunto pela entrada dos quatro membros no Conselho de Segurança.
Segundo a CNN apurou, o G4 quer aproveitar o número inédito de países que apoiam a proposta de reforma do Conselho de Segurança para aumentar a pressão pela entrada de todos os membros no seleto grupo.

Eles se animaram, também, com a defesa que o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, fez da proposta de mudanças no conselho durante a abertura da Assembleia Geral.

O discurso de Guterres, aliás, foi considerado pelo Itamaraty como muito próximo das posições defendidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua fala também na Assembleia-Geral.

Em um comunicado conjunto, o G4 afirmou que “a incapacidade do Conselho de Segurança da ONU para enfrentar, de forma eficaz e oportuna, os desafios globais contemporâneos reforçam a urgente necessidade de sua reforma estrutural, de forma a melhor refletir as realidades geopolíticas contemporâneas”.

O comunicado também diz que “tomando nota de um número recorde de estados-membros que reconheceram explicitamente a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU, os ministros enfatizaram o impulso renovado para avançar as discussões sobre esta questão crítica e urgente”.

Por fim, o grupo afirma que é preciso garantir a presença de países da África, América Latina e o Caribe no órgão.

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