O que se sabe sobre ataque contra campo de refugiados que deixou mortos na Faixa de Gaza
por Rushdi Abualouf e Kathryn Armstrong, da BBC
O Ministério da Saúde controlado pelo Hamas afirma que pelo menos 45 pessoas foram mortas no que considerou ter sido um ataque aéreo israelense ao campo de refugiados de Al-Maghazi, na Faixa de Gaza.
Os militares de Israel dizem que estão investigando se estavam realizando alguma operação na região naquele momento.
O pequeno campo está superlotado com pessoas que fogem dos bombardeios mais ao norte.
Equipes de resgate se esforçam para encontrar aqueles que ainda estão desaparecidos. Estima-se que mais de 100 pessoas estavam no local no momento do bombardeio.
O chefe do hospital Al-Aqsa, de Gaza, disse que 52 pessoas morreram na explosão na noite de sábado (4/11), um pouco mais do que o número divulgado pelo Ministério da Saúde.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou, na sexta-feira (3/11), os apelos para uma interrupção temporária no conflito com o Hamas.
Durante um discurso televisionado, Netanyahu disse que não concordaria com isso até que os reféns capturados pelo Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro sejam libertados.
Os moradores têm cavado os escombros com as próprias mãos, através de camadas de cimento, na tentativa de retirar pessoas presas.
O fotojornalista Muhammad Al-Alul perdeu a esposa dele e quatro de seus cinco filhos no ataque. Ele estava trabalhando em outro lugar quando a explosão aconteceu.
“Não pensei que meus filhos pudessem estar enterrados sob os escombros”, disse ele à BBC.
“Eu gostaria de ter estado com eles e ter sido morto com eles.”
A BBC pediu aos militares de Israel que comentassem o incidente. Embora ainda não tenha havido resposta oficial, um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) disse à BBC que não conseguiu confirmar se o campo foi atingido por um ataque aéreo israelense.
Em entrevista ao Newshour, do Serviço Mundial da BBC, o tenente-coronel Peter Lerner acrescentou que quaisquer ataques ocorridos no sul de Gaza foram “específicos e baseados em inteligência contra elementos terroristas”.
Lerner disse que isso não significa que “infelizmente não possa haver mortes”.
O campo de Al-Maghazi fica na área para onde Israel aconselhou que as pessoas do norte de Gaza fossem para ficar em segurança enquanto continuam a campanha para destruir o Hamas, em retaliação aos ataques de 7 de outubro a Israel.
Contudo, os ataques aéreos no sul não pararam.
“Não há lugar seguro em Gaza”, disse à BBC Muhammad, um oficial da defesa civil que correu para o local do ataque de sábado para ajudar.
“Eles pedem aos palestinos irem para o sul, mas os matam em todos os lugares – nas estradas, nas escolas onde as pessoas estão abrigadas e até nos hospitais”.
O número de mortos em Gaza desde 7 de outubro agora passa dos 9.700, segundo o Ministério da Saúde gerido pelo Hamas.
Mais de 1.400 pessoas foram mortas nos ataques do Hamas a Israel e mais de 200 pessoas foram feitas reféns.
Cessar-fogo
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que um cessar-fogo israelense em Gaza permitiria que o Hamas se reagrupasse e realizasse novos ataques.
Mas acrescentou que Israel tem de tomar “todas as medidas possíveis” para evitar a morte de vítimas civis no enclave.
Blinken fez os comentários no sábado (4/11), na Jordânia, depois de se reunir com líderes árabes que querem a suspensão imediata dos combates.
Eles acusaram Israel de cometer crimes de guerra.
“Não aceitamos que seja uma autodefesa”, disse o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, em entrevista coletiva com Blinken após as negociações, que também envolveram Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos e Egito.
Os EUA continuam apoiando o direito de Israel de se defender contra o Hamas.
Safadi descreveu o conflito como uma “guerra violenta que está matando civis, destruindo as suas casas, os seus hospitais, as suas escolas, as suas mesquitas e as suas igrejas”.
“Não pode ser justificado sob nenhum pretexto e não trará segurança a Israel, não trará paz à região”.