Vista de casa construída à margem do rio Limoeiro, no norte da Amazônia brasileira, em Limoeiro do Ajuru. Foto: Getty Images

Por Flávio Ismerim

Como maior floresta tropical do planeta, a Amazônia concentra muitos e diferentes mundos.

O bioma é reconhecido, entre outras coisas, por sua biodiversidade, seus rios, sua relevância para o clima do Brasil e suas riquezas minerais, além da cultura dos povos da floresta.

A reportagem listou alguns dos itens mais valiosos da Floresta Amazônica — que abrange nove estados brasileiros, além de outros sete países da América do Sul.

Biodiversidade

A Amazônia sozinha é lar de quase 25% de todas as espécies de seres vivos do mundo, segundo dados do projeto Amazônia Protege, idealizado pelo Ministério Público Federal (MPF) e tocado em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

O projeto tem como fontes o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Nos seus mais de 5,5 milhões de km², a floresta reúne 40 mil espécies de plantas, mais de 400 tipos de mamíferos, 1.300 pássaros e mais de 3 mil espécies de peixes.

Conforme aponta o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), a região possui 600 diferentes tipos de habitat terrestre e de água doce. A floresta ainda incorpora — total ou parcialmente — 49 das 200 ecorregiões mundiais.

Dentro da região, é possível encontrar matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados.

Maior bacia hidrográfica do mundo

Um quinto de toda a água doce do planeta Terra está concentrado ali e 45% de toda a água subterrânea do Brasil está na Amazônia. O bioma conta com a maior bacia hidrográfica do mundo, com mais de 25 mil km de rios navegáveis, sendo que 63% da bacia fica no Brasil, 17% no Peru, 11% na Bolívia, 5,8% na Colômbia, 2,2% no Equador, 0,7% na Venezuela e 0,2% na Guiana.

A região é abastecida pelo Amazonas — que é o segundo rio mais extenso e o de maior vazão do planeta —, que despeja no mar 17 bilhões de toneladas de água por dia, correspondendo a 20% do total de água doce que chega aos oceanos. Além dele, a Amazônia conta com outros rios importantes, como Tapajós, Xingu, Solimões, Madeira e Negro.

Importância para o clima

Segundo dados do Amazônia Protege, a região coloca diariamente 20 bilhões de toneladas de vapor de água por dia. Ela influencia o clima e garante chuvas para toda a área delimitada pelo quadrilátero Cuiabá-São Paulo-Buenos Aires-Cordilheira dos Andes — região que concentra 70% do PIB de toda a América do Sul.

A floresta sozinha estoca entre 80 e 120 bilhões de toneladas de carbono.

“Quando a floresta é derrubada e queimada, este carbono é liberado para a atmosfera, o que contribui para o aumento da temperatura da Terra devido ao efeito estufa (0,7º C no último século)”, explica o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Os efeitos associados ao contínuo aumento das emissões de CO² (9 bilhões de toneladas por ano) e de outros gases para a atmosfera, são mudanças no clima, quebra de safras agrícolas e o aumento do nível do mar, o que poderia inundar as cidades litorâneas.”

Povos da floresta

De acordo com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), a Amazônia reúne mais de 180 povos indígenas, sendo que vários deles ainda vivem isolados. Somente no Território Yanomami, localizado em Roraima e no Amazonas, estima-se que vivem 25 mil indígenas.

Tamanha diversidade de reflete na multiplicidade de costumes e saberes cultivados em uma região que reúne ainda grande cidades, como Manaus e Belém, e uma parcela significativa de povos ribeirinhos. Há ainda mais de 1.000 comunidades quilombolas na Amazônia Legal, segundo o projeto Nova Cartografia Social Brasileira.

As populações tradicionais de seringueiros, piaçabeiros, pescadores, peconheiros, por exemplo, praticam o extrativismo sustentável e contribuem para a conservação da biodiversidade da Amazônia nas reversas extrativistas.

“[Os povos da floresta alinham a esse modo de vida conhecimentos tradicionais que contribuem para a conservação do bioma e, assim, para a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Essas populações domesticaram diversas espécies frutíferas da região, o que reforça o potencial dessa atividade para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirma o ISPN.

 

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