Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. Foto: Presidência da República/Marcos Corrêa

São duas as opções que se apresentam. A primeira, a da Ministra Tereza Cristina, opção eleitoral, visando a estender o âmbito do voto no eleitorado, do agronegócio ao empresariado, na tentativa de obter melhores resultados que possibilitem sua ida para a 2º turno, e, quem sabe, sua pretendida vitória. Ou vice indicado por líderes do Centrão. Mas a economia encontra-se destrambelhada, junto com tantos outros erros, inviabilizando sua recuperação eleitoral.

A segunda, a do Ministro Braga Netto, sem representatividade eleitoral, mas possivelmente, na percepção de alguns atores, como vínculo representativo de Bolsonaro junto às Forças Armadas para o caso de derrota eleitoral e tentativa de invalidação de seus resultados visando à manutenção do poder. Trump, o exemplo, assim agiu, não reconhecendo as urnas e tentando coagir o Congresso com o apoio à invasão do Capitólio e ações judiciais, para a não houvesse a aceitação dos resultados.

Neste momento, nas pesquisas, a polarização entre Lula e Bolsonaro parece estar consolidada. Existem três fatores que podem ainda alterar, mas dificilmente significativamente, a tendência em curso. A primeira, o aumento de 35% para 60% daqueles poderiam votar em um candidato da 3ª via, se assim o fosse. Poderiam, não que queiram. A segunda, algumas pesquisas detectaram a manutenção do voto estimulado em Lula com ligeiro decréscimo do voto espontâneo, o que significa que na escolha das alternativas existentes Lula se mantém, mas sem o mesmo ímpeto inicial da vontade. A terceira, nos cruzamentos por sexo Lula concentra mais o voto feminino e Bolsonaro mais o voto masculino. Em eleições passadas, o voto feminino tendeu para o voto masculino, o que poderá diminuir, ainda que muito pouco, a diferença entre os dois candidatos. E Lula e Alckmin juntos tendem a dar maior estabilidade à possível chapa.

Adicionalmente, os candidatos da 3ª via não se viabilizaram até o momento. São desprovidos de carisma e de projetos, sem que toquem o eleitorado em seus ensejos. Moro subtrai votos a Bolsonaro sem se estender pelo centro; Ciro compartilha votos com Lula e pouco se expande ao centro; e Doria lida com problemas em seu partido PSDB e com o eleitorado de São Paulo. Fica por conta de erros extremos de Lula e Bolsonaro ou do absolutamente imponderável para que possíveis candidatos da 3ª via, como Tebet, Pacheco e outros, se assim forem candidatos, possam crescer e obter um lugar na disputa.

O país caminha para a conturbação. A diferença, é que a sociedade está avisada do que vai acontecer. Bolsonaro dificilmente se reelegerá e a alternativa será a da tentativa da quebra da ordem institucional, simbolizado e posicionado agora no episódio do não comparecimento ao depoimento junto à Polícia Federal determinado pelo STF. Urge a necessidade de salvaguardas para a democracia brasileira.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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