ONU denuncia ‘clima de medo’ e preocupação com ‘detenções arbitrárias’ na Venezuela

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O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, na Guatemala em julho; ele expressou, na terça (13), preocupação com 'detenções arbitrárias' na Venezuela - Johan Ordonez - 19.jul.24/AFP

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou na terça-feira (13) sua profunda preocupação com o elevado número de “detenções arbitrárias” na Venezuela e o “uso desproporcional” da força que “alimentam o clima de medo” desde as eleições presidenciais.

“É especialmente preocupante que tantas pessoas estejam sendo detidas, acusadas de incitação ao ódio ou sob a legislação antiterrorismo. O direito penal nunca deve ser usado para limitar indevidamente os direitos à liberdade de expressão, reunião pacífica e de associação”, afirmou Volker Turk em um comunicado.

A advertência acontece um dia após o ditador Nicolás Maduro exigir que os poderes do Estado atuem com “mão de ferro” contra os protestos no país que questionam sua reeleição.

Maduro foi proclamado vencedor com 52% dos votos para um terceiro mandato de seis anos nas eleições de 28 de julho, mas a oposição denuncia uma “grande fraude”.

O anúncio de sua vitória gerou protestos que deixaram 25 mortos e 192 feridos. “Todas as mortes que aconteceram no contexto dos protestos devem ser investigadas e os responsáveis devem ser responsabilizados e punidos”, disse Turk.

Segundo declarações oficiais, a ONU calcula que mais de 2.400 pessoas foram detidas desde 29 de julho.

Na maioria dos casos documentados pelo Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, as pessoas detidas não foram autorizadas a designar um advogado de sua escolha nem a manter contato com os parentes.

“Alguns casos constituiriam desaparecimentos forçados”, acrescenta o comunicado.

Turk pediu a libertação imediata “de todas as pessoas que foram detidas arbitrariamente” e garantias de julgamentos justos para todas.

“O uso desproporcional da força por parte das forças de segurança e os ataques contra manifestantes por parte de pessoas armadas que apoiam o governo, alguns dos quais resultaram em mortes, não devem ser repetidos”, completou.

Também há relatos de atos de violência contra funcionários e edifícios públicos por parte de alguns manifestantes, disse o alto comissário. “A violência nunca é a resposta”.

Turk também expressou preocupação com a possível aprovação de um projeto de lei sobre o monitoramento e financiamento de organizações não governamentais, assim como a respeito de outro projeto de lei “contra o fascismo, o neofascismo e expressões similares”.

“Apelo às autoridades que não adotem estas ou outras leis que minam o espaço cívico e democrático no país, no interesse da coesão social e do futuro do país”, afirmou Turk.

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