Opinião – Em cena, Bolsonaro trapaceia com Costa Neto que trapaceia com ele

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Família Bolsonaro. Foto: Reprodução

Por Ricardo Noblat

Ninguém manda o presidente da República tomar no cú, muito menos por escrito. Um político experiente, frio e calculista como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, jamais faria isso.

Personagem do mensalão do PT, condenado e preso, Costa Neto continuou mandando no partido de dentro da cela e negociando cargos com o governo de Lula, e depois de Dilma.

É da mesma estirpe de Paulo Maluf, que, em 1984, candidato à sucessão de João Figueiredo, o último general-presidente da ditadura, procurou Pedro Simon (PMDB) e pediu seu apoio.

Simon era amigo e eleitor de Tancredo Neves (PMDB), que enfrentaria Maluf. Espantou-se com a ousadia de Maluf em abordá-lo. Segundo a lenda, travou-se então o seguinte diálogo:

– Mas você é ladrão – disse Simon.

– Também não exagere – respondeu Maluf.

Ao fim e ao cabo, o PL deverá ser o destino de Bolsonaro, que precisa de um partido para concorrer à reeleição. A vantagem do PL é ter dono, um único dono. Facilita a negociação.

O PP de Arthur Lira, presidente da Câmara, e de Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil, é uma espécie de federação de siglas, como o atual MDB. E cada legenda tem um dono.

Em número de deputados federais e de senadores, as bancadas do PL e do PP se equivalem. Para onde iria Bolsonaro se rompesse de fato com Costa Neto? Para o REPUBLICANOS?

O REPUBLICANOS é da Igreja Universal. O bispo Edir Mecedo, dono da igreja, não está disposto a abrir mão do partido para Bolsonaro ou curvar-se a todas as suas vontades.

Bolsonaro juntou-se aos filhos em Dubai para exigir mais concessões além das que Costa Neto fez. Um dos filhos, Eduardo, está interessado no caixa do REPUBLICANOS em São Paulo.

Carlos, o vereador no Rio, advertiu o pai que sua filiação ao PL pegou mal entre os bolsonaristas e poderá beneficiar Sergio Moro (PODEMOS). É necessário, pois, justificá-la melhor.

Bolsonaro não pintou, bordou e disse que jamais reconheceria os resultados das próximas eleições a não ser se trocassem o voto eletrônico pelo voto impresso? Não recuou?

Não chamou Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, de canalha, disse que deixaria de respeitar suas decisões, e depois apelou para Michel Temer e recuou?

Política é teatro. Bolsonaro, um ator razoável. Suas palhaçadas seguram a atenção da plateia.

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