Opinião – Traições a rodo marcarão a escolha do sucessor de Bolsonaro

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Imagem: Adriano Machado/Reuters

Por Ricardo Noblat

Bolsonaro sabe que será traído nas eleições do ano que vem por parcelas expressivas do PL de Valdemar Costa Neto, ao qual se filiaria no próximo dia 22. E por parcelas do PP de Ciro Nogueira (PI), ministro da Casa Civil, e de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara. E por parcelas do REPUBLICANOS.

E daí? Sem filiar-se a um partido não poderia ser candidato. Entre outros motivos, escolheu o PL porque é partido de um único dono – e que dono… Um ex-aliado de Lula condenado e preso por envolvimento com o mensalão do PT em 2005. E que de dentro da cadeia continuou mandando no PL. Um sujeito confiável, pois.

Atire a primeira pedra, porém, o candidato a presidente da República em 2022 que não teme ser traído. Ou que acha que não será. Salvo Lula que de fato tem um partido para chamar de seu. Lula é maior do que o PT, sempre foi. Os membros do PT sabem disso e a ele devem o êxito de suas carreiras.

Sombra alguma se criou no PT capaz de rivalizar com Lula. No PT e em nenhum dos partidos de esquerda, satélites dele. O PDT nunca foi satélite do PT por dispor de um líder reconhecidamente forte, Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e do Rio. Brizola apoiou Lula nas eleições que viu que não teria chance.

Ciro Gomes está no PDT, mas não é PDT. Como João Doria está no PSDB, mas não é PSDB de quatro costados. Como Sérgio Moro está há menos de uma semana no PODEMOS do senador Álvaro Dias (PR) e até recentemente negava que entraria na política. Todos eles, como Bolsonaro, serão traídos antes que o galo cante.

Traição não é novidade na política. A história das eleições brasileiras está repleta de casos famosos. Cunhou-se até uma expressão para designar isso: “cristianização”. Em 1950, o velho PSD, não o novo de Gilberto Kassab, lançou a candidatura de Cristiano Machado a presidente da República.

Ao longo da campanha, Cristiano foi abandonado pelos principais líderes do PSD que passaram a defender a candidatura de Getúlio Vargas, do PTB, que acabou eleito. Devolveu-se às paredes das repartições públicas o retrato do velhinho que governou o país como ditador entre 1930 e 1945, e se mataria em 1954 com um tiro

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