Os argumentos de Israel para rejeitar resolução da ONU por trégua em Gaza

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Bandeira de Israel. Foto: Unsplash

por BBC

Israel respondeu com irritação ao rejeitar uma resolução da ONU que apelava por uma “trégua humanitária” em Gaza, prometendo que continuará a se defender.

Os membros da Assembleia Geral da ONU votaram esmagadoramente por uma trégua humanitária imediata entre Israel e o Hamas.

O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, disse que a ONU não tinha mais “nem um pingo de legitimidade ou relevância”.

Os EUA votaram contra a resolução, mas apelaram por uma “pausa humanitária” nas operações militares de Israel em Gaza.

Militares israelenses dizem estar expandindo suas operações, à medida que seus ataques se intensificam em toda a região de Gaza.

O porta-voz Daniel Hagari afirmou que as forças “aumentaram os ataques em Gaza. A força aérea ataca amplamente alvos subterrâneos e infra-estruturas terroristas, de forma muito significativa”.

Ele disse novamente que os residentes de Gaza devem se deslocar rumo ao sul.

Israel tem bombardeado Gaza desde os ataques do Hamas em 7 de outubro, que mataram 1.400 pessoas em Israel e fizeram 229 pessoas serem feitas reféns pelo Hamas.

A Assembleia Geral da ONU votou na sexta-feira (27/10) a favor de uma trégua imediata em Gaza. Foram 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções.

A resolução – apresentada pela Jordânia em nome do grupo de países árabes – também condena todos os atos de violência contra civis palestinos e israelenses, incluindo “ataques terroristas e indiscriminados”.

A votação não cria obrigações legais, mas tem peso moral devido à universalidade dos membros da ONU.

O embaixador de Israel, Erdan, disse que era “um dia sombrio para a ONU e para a humanidade”, prometendo que o seu país usaria “todos os meios” na luta contra o Hamas.

“Hoje é um dia que será considerado infame. Todos testemunhamos que a ONU já não tem nem um pingo de legitimidade ou relevância”, disse ele.

Ele acusou aqueles que votaram sim de preferir apoiar “a defesa dos terroristas nazistas” em vez de Israel.

O porta-voz da segurança nacional dos EUA, John Kirby, disse que os EUA apoiaríam pausas nos combates para ajudar reféns a saírem de Gaza e para permitir a entrada de mais ajuda.

“Apoiaríamos pausas humanitárias para que as coisas entrem, bem como para a saída de pessoas, e isso inclui defender que cargas de combustível entrem e a restauração da energia elétrica”, disse.

A Casa Branca não comentou o anúncio feito pelas forças armadas de Israel (IDF) de que o país está expandindo suas operações terrestres em Gaza.

O ministério da saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que 7.000 pessoas morreram desde o início dos bombardeios de Israel.

Há no momento uma escassez crítica de serviços essenciais, enquanto milhares de pessoas fugiram de suas casas e a infraestrutura da região foi gravemente danificada.

Entre os líderes internacionais que pediram um cessar-fogo está o presidente da França, Emmanuel Macron.

Em fala anterior a Israel dizer que estava ampliando seus ataques em Gaza, ele afirmou ter dito ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e ao presidente de Israel, Isaac Herzog, que a população de Gaza deve ser protegida.

“Uma trégua humanitária é importante hoje para proteger aqueles que estão no terreno e que foram atingidos por bombardeios”, disse ele no final de uma reunião de dois dias entre líderes da União Europeia em Bruxelas.

Macron reiterou que Israel tem o direito de se defender, mas disse que “o bloqueio total, o bombardeio indiscriminado e ainda mais a perspectiva de uma operação terrestre em massa” representam riscos significativos para a população civil em Gaza.

Já a Jordânia alertou que o resultado daquilo que chamou de “guerra por terra” seria uma catástrofe humanitária.

Israel pediu esta semana que o secretário-geral da ONU renunciasse após comentários que ele fez sobre a guerra em Gaza.

António Guterres disse num discurso no Conselho de Segurança que condenava inequivocamente os ataques mortais do Hamas em Israel há duas semanas, mas que eles “não aconteceram no vácuo”.

Israel acusou Guterres de “justificar o terrorismo” e apelou à sua demissão imediata.

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