Pai de comerciante morto após traição diz que filha ‘vai pagar’ se estiver envolvida no crime

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Marcelly Peretto, irmã do comerciante encontrado morto com sinais de facada, se entregou à Polícia Civil após prestar depoimento — Foto: Reprodução/Redes Sociais e Yasmin Braga/g1

Mauricio Peretto, pai do comerciante Igor Peretto, encontrado morto com sinais de facadas em Praia Grande (SP), disse que tinha o genro Mario Vitorino ‘como um filho’. Mario, marido de Marcelly, é considerado foragido pelo suposto envolvimento no crime. Para Mauricio, se a Justiça provar que a filha participou do assassinato, ela deverá ser responsabilizada: ‘Se ela tiver que pagar, ela vai pagar’.

“Se minha filha tiver culpa de alguma coisa, se for um milímetro de coisa, eu quero que ela pague. Agora, eu acho que ela é inocente. Minha filha não fez nada; ela só se apavorou com tudo. É uma menina nova”, afirmou o Mauricio.

A Polícia Civil ainda não informou quem matou Igor, cujo corpo foi encontrado no dia 31 de agosto. O que se sabe é que dentro do apartamento onde ocorreu o crime estiveram: Igor, Rafaela Costa (esposa de Igor), Marcelly Peretto (irmã de Igor) e Mario Vitorino (marido de Marcelly).

De acordo com depoimentos, Rafaela tinha um caso com Mario. Além disso, o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.

Enquanto Mario segue foragido, Marcelly e Rafaela se entregaram e estão presas na cadeia pública anexa ao 2º DP de São Vicente.

Mauricio destacou que não é possível fazer afirmações sobre o que aconteceu porque mais ninguém presenciou o assassinato, mas que ‘a Justiça está aí’.

Viúva ‘fez um jogo’

Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP) — Foto: Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP) — Foto: Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais

Segundo Mauricio, Marcelly tinha planos de ir para São Paulo no dia em que o crime aconteceu, mas Rafaela teria insistido para sair com a jovem. Ele recordou que achava a então esposa de Igor [Rafaela] uma ‘pessoa maravilhosa’, mas agora está sem entender.

O pai da vítima relatou que a filha terminou o relacionamento com Mario há aproximadamente três meses, embora continuem casados no papel. Para ele, Rafaela tem ‘todos os graus de culpa’ na morte de Igor.

Mauricio entende que Marcelly compartilhava detalhes sobre o casamento com a cunhada. “E a Rafaela, automaticamente, tendo um caso com o Mario, passava tudo. Então, ela [Rafaela] fez um jogo”.

Questionado sobre Mario, o pai de Igor disse não ter ideia sobre onde o investigado está. Ele afirmou que ‘infelizmente, tinha ele como um filho’ e que está indignado. “Se eu tivesse ideia de onde ele está, eu mesmo ia buscar”, declarou.

Duas dores

Mauricio afirmou que a esposa dele, mãe de Marcelly, também está muito abalada com toda a situação. Mas, para ele, essa dor vem em dose dupla.

“Tem uma dor. Eu estou tendo duas [dores]. Uma porque meu filho faleceu e outra porque a minha filha está aqui na delegacia”, disse ele.

Apesar de acreditar que Marcelly assumirá a responsabilidade caso tenha culpa, Mauricio disse seguir acompanhando a filha e que não pretende abandoná-la. “Falem o que quiserem falar, [mas] eu não vou abandonar minha filha nunca, de jeito nenhum”, disse ele.

Suposta traição

De acordo com depoimento de Rafaela e Marcelly, a viúva de Igor tinha um caso com Mario. O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, informou que na noite do crime, ela saiu do imóvel antes da chegada do companheiro porque ficou com medo da reação dele, que havia descoberto a troca de mensagens entre ela e Mario.

“Ela infelizmente confessa que houve um adultério, muito embora estivesse relativamente separada dele [Igor]. Mas o ponto principal é que, lamentavelmente, a vítima pegou uma ligação que ela [Rafaela] tinha feito para o autor do crime [Mario] e, em face disso, desencadeou a confusão dentro da residência. Mas, ela não participou de nenhum ato dentro daquela residência”, explicou Marcelo Cruz.

O caso

Comerciante Igor Peretto, de 27 anos, foi morto a facadas dentro do apartamento da irmã, no bairro Canto do Forte, em Praia Grande (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Comerciante Igor Peretto, de 27 anos, foi morto a facadas dentro do apartamento da irmã, no bairro Canto do Forte, em Praia Grande (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O caso aconteceu na noite do dia 31 de agosto. A síndica do prédio contou aos policiais que tocou várias vezes a campainha do apartamento da irmã de Igor Peretto e bateu na porta, mas que não foi atendida. Por isso, ela resolveu olhar as câmeras de monitoramento do prédio e identificou que, por volta das 4h37, Marcelly Peretto chegou ao imóvel acompanhada da esposa de Igor, Rafaela Costa.

Por volta das 5h40, Mario e Igor chegaram ao local e solicitaram ao porteiro da noite autorização para entrada no condomínio, que teria sido negada. Os dois só acessaram o prédio após a liberação da irmã de Igor, a dona do apartamento.

Os policiais militares informaram à Polícia Civil que, com base nas informações, acreditaram que a Igor estava com a esposa dentro do apartamento. Com a ajuda de um chaveiro, solicitado pela síndica, a porta foi aberta e eles notaram sinais de sangue no corredor.

Os policiais encontraram o corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela. O imóvel estava revirado, indicando que houve luta corporal, além de marcas de sangue, conforme informaram os agentes. De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais revistaram o apartamento em busca da esposa de Igor, mas ela não foi encontrada.

Prisões

Marcelly e a viúva Rafaela se apresentaram na delegacia e foram presas suspeitas de participação na morte do comerciante, na última sexta-feira (6).

Já o cunhado de Igor, Mario Vitorino, está foragido desde o dia 3 de setembro, quando teve a prisão temporária decretada pela Justiça. O caso é investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG).

Defesa de Rafaela

De acordo com o advogado da viúva, Marcelo Cruz, Rafaela saiu do apartamento onde ocorreu o crime antes da chegada de Igor, pois ficou com medo da reação do companheiro que havia descoberto uma troca de mensagens entre ela e Mario.

“Ela infelizmente confessa que houve um adultério, muito embora estivesse relativamente separada dele [Igor]. Mas o ponto principal é que, lamentavelmente, a vítima [Igor] pegou uma ligação que ela [Rafaela] tinha feito para o autor do crime [Mario] e, em face disso, desencadeou a confusão dentro da residência. Mas, ela não participou de nenhum ato dentro daquela residência”, explicou Marcelo Cruz.

Ainda segundo Cruz, Rafaela não soube que Igor tinha sido morto quando fugiu em direção a São Paulo, pois pensou que ele havia sido dopado pelo amante.

“Ela recebeu uma ligação do autor do crime [Mario] dizendo que teriam dopado efetivamente ele e não que teriam matado”, explicou o advogado. A mulher seguiu as instruções de Mario, que disse para ela seguir o GPS em direção a São Paulo antes que Igor acordasse.

Defesa de Marcelly

Marcelly prestou depoimento à polícia antes de se entregar. O advogado Felipe Pires de Campos, que representava Marcelly disse que ela contou aos policiais que Mario estava saindo com a esposa de Igor. Porém, ela não sabia da traição até o momento da briga.

Ela reforçou que foi pressionada pelo marido a deixar o imóvel após ele cometer o crime. Marcelly e Mario são casados, mas já não moravam mais no mesmo imóvel.

Leandro Weissmann, o advogado de Marcelly, disse que o homicídio foi cometido por Mario. Segudo ele, Marcelly estava em outro cômodo quando o irmão foi morto. Em seguida, ela saiu do imóvel e fugiu porque foi coagida pelo autor do crime.

O portal não localizou a defesa de Mario Vitorino da Silva até a última atualização desta reportagem.

Beijo antes do crime

O advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que ela e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario ao apartamento.

“De acordo com a Marcelly, elas estavam muito bêbadas e Rafaela já tinha investido algumas vezes para cima dela. Nesse dia, que ela estava muito bêbada, a Rafaela a agarrou […]. Deu um beijo e passou a mão no corpo dela”, explicou o advogado.

Segundo Weissmann, as duas eram melhores amigas e aquela foi a primeira vez que em que se beijaram. “A Marcelly sabia que a Rafaela se relacionava sim com outras mulheres, mas com ela foi a primeira vez”, afirmou.

O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, afirmou que a viúva “forneceu todas as informações necessárias à investigação. “Ela, pelo que se verificou, não omitiu nada que tenha ocorrido, até mesmo sobre esse ponto”.

Por meio do TikTok, Rafaela publicou dezenas de vídeos em que mostrava uma relação próxima com Marcelly (assista acima). Alguns vídeos foram publicados dias antes do crime. Nas imagens, é possível ver as mulheres dançando na praia e em festas. Um dos vídeos, inclusive, mostra as duas aproximando os rostos durante um evento.

As legendas das publicações também indicam um relacionamento próximo. Em outro conteúdo, Rafaela presenteia Marcelly com um bolo de aniversário. “Feliz vida, meu amor”, escreveu ela.

Carro localizado

Segundo apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, o carro utilizado por Mario foi localizado por policiais civis de Praia Grande perto de uma agência dos Correios em Pindamonhangaba. Após uma perícia, ele foi levado à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, na noite de 5 de setembro.

As imagens gravadas pelo repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, mostram que o câmbio e o banco tinham marcas que, aparentemente, são de sangue. Uma garrafa com marcas parecidas também foi encontrada jogada no chão do veículo.

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