Pastor com 117 mil seguidores faz textão sobre “potencial demoníaco da mulher”

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O brasiliense Anderson Silva, líder da igreja evangélica Vivo por Ti, destaca o poder de manipulação das mulheres

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Foto: Diego Sulivan/ Arquivo Pessoal

O pastor brasiliense Anderson Silva causou polêmica nas redes sociais na última semana ao divulgar um texto onde comenta sobre o “potencial demoníaco” das mulheres. Na postagem, ele diz que mulher é “orgulhosa, vingativa e manipuladora”.

A publicação foi feita em 21 de setembro e teve grande repercussão com mais de 750 reações, quase 400 comentários e 150 compartilhamentos.

Confira a postagem

O ponto defendido pelo pastor, no entanto, causou reações distintas. Mesmo nos comentários da publicação, algumas pessoas criticaram o que entenderam ser machismo.

Outros membros da comunidade evangélica também criticaram o texto. Um teólogo disse que “o evangelho nos ensina que as irmãs não são nem demônios, nem anjos, são apenas mulheres criados por Deus, caídas desde o Éden, necessitadas da redenção que vem de Cristo, e que junto com os homens crescem em santificação”.

Outra teóloga afirmou que “a ‘maldade oculta’ da mulher não é vencida ou dominada pela liderança de um homem em sua vida, mas pelo senhorio de Cristo, o redentor de todos nós”.

A reportagem tentou contato com o pastor para ouvir a versão dele, mas não obteve resposta. O espaço, no entanto, permanece aberto para possíveis manifestações.

Em uma transmissão ao vivo realizada poucos dias após as críticas, Anderson argumentou sobre o que quis dizer. Segundo ele, não é possível julgar o texto apenas pelo o que está escrito, mas é necessário entender toda a trajetória dele para analisar a postagem.

Em pouco mais de uma hora, o religioso explica ponto por ponto do texto. “A mulher tem o potencial demoníaco mais elevado que o homem, pois a maldade do homem você vai ver em breve, a da mulher nem sempre você verá. Como se expressa menos agressivamente, a mulher tem tempo de construir a maldade interna, emocional”, explicou.

Anderson argumenta que a violência contra a mulher é injustificável, mas diz que o homem não age sozinho. “A gente tem que voltar lá atrás para perguntar qual foi a participação da mulher neste ecossistema. Ele responde sozinho pelo crime que cometeu, porém o evangelho não tira dela a responsabilidade moral, doutrinária de participar com sua manipulação na produção do ecossistema que produziu a violência”.

O pastor culpa ainda o feminismo por colocar a mulher em uma posição de “superioridade moral”. “Como se a mulher não tivesse o potencial de ser igual ao homem ou pior, dependendo do contexto”, defende.

Pastor tem projeto contra abusos sexuais na igreja

No ano passado, o Metrópoles mostrou a história do projeto Nossas Histórias Curam. A rede de apoio é liderada pelo pastor e atua no enfrentamento de abusos cometidos contra mulheres e crianças sob aval da religião. “O Nossas Histórias Curam nasceu com o meu sentimento de indignação de que a religião se torna perpetuadora desse tipo de violência”, destacou na época.

“Cada projeto desses é consequência de um tipo de indignação. Eu tenho que fazer algo com essa ira, porque, se eu não fizer, ela é contrária a mim, ela me destrói. Eu canalizo o meu sentimento de ira e de indignação com a injustiça criando um projeto capaz de amenizar essa realidade”, explicou o pastor.

Segundo Anderson, há um “submundo nas igrejas”, em que os casos de assédio ocorridos são amenizados e restruturados, com narrativas que fazem a vítima ter medo de denunciar o autor do crime. A rede oferece tratamento terapêutico, o que ajuda as vítimas a lidarem com a dor de modo humanizado.

Em 2016, o pastor também ganhou repercussão ao se ajoelhar diante de homossexuais e pedir perdão pela rejeição que a comunidade evangélica tem a eles. Na igreja dele, dizia, todos eram aceitos. Velhos, jovens, travestis, transexuais, homossexuais, militares, artistas, casais hétero, pessoas solteiras, moradores de rua, pessoas ricas e pessoas pobres. Havia cultos com apresentação de dança, música, exibição de artes plásticas onde se falava sobre aborto, feminismo e outros temas polêmicos dentro do meio religioso.

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