PF avalia que estratégia de defesa de Bolsonaro não se sustenta diante do que foi apurado no relatório final
A Polícia Federal avalia que a estratégia de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro não se sustenta diante do que foi apurado no relatório final.
A defesa do ex-presidente tem dito que tudo o que foi discutido e analisado por Bolsonaro estava baseado na Constituição, mais precisamente no artigo 142, que daria, segundo juristas bolsonaristas, o poder moderador às Forças Armadas.
A defesa diz ainda que em nenhum momento o ex-presidente falou em golpe e não há provas de que ele assinou a minuta do golpe.
Além disso, alegam que o documento tratava de saídas previstas na Constituição, e que isso não pode ser considerado uma tentativa de golpe no país. Bolsonaro tem verbalizado essa estratégia.
Os investigadores destacam, porém, que os advogados de Bolsonaro estão focando apenas na foto, e deixando de lado o filme de tudo que aconteceu durante o governo Bolsonaro e depois dele.
Segundo eles, o ex-presidente e sua equipe elaboraram um roteiro que desembocaria num “golpe legal”, criando fatos falsos para justificar uma intervenção militar no país.
Para acionar o artigo 142 da Constituição, que trata do papel das Forças Armadas, a PF diz que o governo Bolsonaro procurou forjar fraudes nas eleições, que justificariam uma anulação do pleito presidencial, a substituição de ministros do TSE e a convocação de novas eleições.
Como isso não deu certo por causa da vigilância do TSE, o bolsonarismo foi para a etapa dois, tentando criar um clima de caos no país.
Neste caso, constavam do roteiro os acampamentos na frente dos quartéis do Exército no país, a quebradeira em Brasília e tentativa de invasão da Polícia Federal no dia da diplomação de Lula, a explosão fracassada de um caminhão tanque de combustíveis na frente do aeroporto de Brasília e, por fim, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Ou seja, o governo tentou criar um ambiente para uma “intervenção militar legal” com base numa interpretação equivocada do arquivo 142 da Constituição, que, na visão de juristas bolsonaristas, daria às Forças Armadas o poder moderador para intervir em caso de crise entre poderes.