PL, segunda maior bancada partidária, declara apoio a Alcolumbre para presidir o Senado
O líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), declarou na quarta-feira (30/10) que a bancada do PL, segunda maior da Casa, com 14 senadores, vai apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) para a Presidência do Senado. A eleição será em fevereiro do ano que vem.
“Nessa eleição para o Senado nós vamos apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre. Entendemos que, nesse momento, é estrategicamente importante esse posicionamento para que haja um respeito à proporcionalidade, à ocupação das comissões permanentes, que vai nos permitir trabalhar pautas importantes”, afirmou Marinho.
Candidato com larga vantagem, Alcolumbre já recebeu o aval de cinco bancadas: PL (14), União (7), PP (7), PSB (4) e PDT (3). Somadas, essas legendas reúnem 35 senadores. São necessários 41 votos favoráveis para vencer a disputa.
Uma liderança do PSD, sigla com mais congressistas, 15 no total, disse na terça-feira (29/10) que as conversas estão “adiantadas” para que o partido formalize o apoio. Esse é um movimento natural pois o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é um grande aliado de Alcolumbre.
Juntos, PSD, PL, União, PP, PSB e PDT, têm 50 votos. Com MDB (10) e PT (9), que são da base do governo, somam 69 votos — numa composição de 81 senadores.
Na última eleição do Senado, que ocorreu em fevereiro do ano passado, Rogério Marinho foi o adversário de Pacheco, que o venceu por 49 votos a 32.
Na ocasião, como a oposição preferiu enfrentar o grupo político de Pacheco e Alcolumbre em vez de integrá-lo, a cúpula do Senado decidiu, então, não conceder ao PL nem cargos na Mesa Diretora nem a presidência de comissões. É esse espaço, dentre outras pautas, que levou o partido a dar suporte a Alcolumbre.
O amapaense já foi presidente do Senado, de 2019 a 2021, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem mantinha aliança. Desde a transição, para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alcolumbre se associou ao petista.
Na terça (29/10), o parlamentar participou de um jantar com Bolsonaro, o líder do PL, Carlos Portinho (RJ), e outros senadores do partido na casa de Rogério Marinho. E, na quarta (30/10), o anúncio foi feito.
Há três anos, Alcolumbre não pode concorrer à reeleição porque a Constituição só a permite, para presidentes da Câmara e do Senado, na mudança de legislatura, ou seja, quando há eleições gerais. A estratégia do senador foi, então, comandar a comissão mais importante da Casa, a de Constituição e Justiça (CCJ), e escalar seu aliado, Pacheco, para a Presidência do Senado.
O poder do senador do Amapá passa pela gerência de recursos que são enviados aos estados por meio de emendas de comissão, por exemplo, que estão temporariamente suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), devido à falta de transparência. Nesta modalidade, o nome do parlamentar que reserva o dinheiro no Orçamento para projetos e obras não é conhecido.
Questionado se uma das moedas de troca para apoiar o candidato seria a abertura de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, Marinho confirmou que esse tópico foi debatido com Alcolumbre, mas não quis revelar a opinião do senador.
Segundo o líder da oposição, o acerto foi para que não haja “invasão de competência” por parte dos outros dois poderes e que Alcolumbre defenda as “prerrogativas do Senado”. “Nenhum assunto é tabu, desde que acobertado pela Constituição”, afirmou Marinho.
O parlamentar do PL classificou ainda como “essencial” a anistia aos condenados do 8 de janeiro.
O líder do MDB, partido que tem 10 senadores, Eduardo Braga (MDB-AM), afirmou nesta terça que Alcolumbre é candidato “fortíssimo”, mas que a legenda ainda vai se reunir para decidir o rumo que vai tomar.
O PT, com nove senadores hoje, ainda não formalizou decisão. Apesar disso, Lula já sinalizou a parlamentares próximos a ele que o PT deve confirmar o nome de Alcolumbre.
Os seis congressistas do Podemos também conversaram nesta semana sobre a escolha. Mas sem definição.
Os outros partidos, Republicanos (4), Novo (1) e PSDB (1), ainda não fecharam posição.
A bancada feminina, representada por Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Eliziane Gama (PSD-MA), aventou a alternativa de lançar candidatura própria. Assim como Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), que anunciou nesta terça ser candidato.
Apesar disso, Marinho disse que vai conversar com Pontes para que concorde validar o nome de Alcolumbre.