PM encontrado morto foi torturado e passou pelo ‘tribunal do crime’, diz delegado

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Corpo do soldado da PM Luca Angerami, de 21 anos, foi encontrado com sinais de tortura em uma cova na comunidade Vila Baiana, em Guarujá (SP). Ele foi reconhecido pelas tatuagens — Foto: Reprodução/Instagram e g1 Santos

Luca Romano Angerami, o soldado da PM de 21 anos que esteve desaparecido por mais de um mês, foi torturado e morto após passar pelo ‘tribunal do crime’ em Guarujá, no litoral de São Paulo. As informações foram apresentadas pela Polícia Civil em coletiva na segunda-feira (20). O corpo da vítima foi encontrado durante esta manhã, enterrado na comunidade Vila Baiana, na mesma cidade.

O PM foi visto pela última vez perto de um ponto de tráfico de drogas em Guarujá em 14 de abril. Desde então, durante as buscas, os policiais encontraram 12 corpos e prenderam nove suspeitos de envolvimento no crime (leia mais abaixo).

“Além do homicídio houve sequestro, cárcere privado e tortura […]. Esse policial militar foi submetido ao chamado tribunal do crime”, afirmou o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).

Barbeiro acrescentou que, apesar da atuação do ‘tribunal do crime’ na execução de Luca, o rapaz foi morto “simplesmente pelo fato de ser policial, e por estar no lugar errado na hora errada”.

Ainda de acordo com o delegado, a polícia identificou sinais de violência no corpo do rapaz, tanto antes quanto depois da morte. No entanto, Barbeiro ressaltou que o cadáver ainda passará por exames do Instituto Médico Legal (IML).

Corpo de PM desaparecido ao entrar em 'biqueira' foi encontrado na manhã desta segunda-feira (20), em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução
Corpo de PM desaparecido ao entrar em ‘biqueira’ foi encontrado na manhã da segunda-feira (20), em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução

Cadáver

O corpo não estava em estado avançado de decomposição. Por este motivo, a identificação foi feita através das tatuagens de Luca. Os exames do Instituto Médico Legal (IML) auxiliarão a Polícia Civil a descobrir o que causou e quando foi a morte do PM.

Últimas imagens

O PM foi visto durante a madrugada do dia 14 de abril em uma adega na comunidade Santo Antônio com dois amigos. Depois, câmeras de monitoramento filmaram o agente sendo acompanhado por um homem até a biqueira onde foi visto pela última vez em Guarujá. Esse rapaz foi preso no último dia 19 de abril.

As imagens, obtidas pela TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, mostram quando o PM chega em uma rua na comunidade às 6h41 em um carro de cor prata. O veículo era semelhante ao automóvel dele, que foi encontrado abandonado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni.

Após o carro ser manobrado na via, o agente saiu do veículo. Luca vestia uma camiseta preta e calça jeans – como as roupas que usava na adega. Ele também estava ‘acompanhado’ de perto pelo outro homem, que usava bermuda branca e uma camiseta vermelha. Os dois entram em uma rua e, em seguida, não são mais vistos.

Prisões

Edivaldo Aragão (à esq) e Carlos Vinícius foram presos pelo envolvimento no sequestro do PM Luca em Guarujá (SP) — Foto: Divulgação
Edivaldo Aragão (à esq) e Carlos Vinícius foram presos pelo envolvimento no sequestro do PM Luca em Guarujá (SP) — Foto: Divulgação

Na noite de 14 de abril, mesmo dia do desaparecimento, um homem identificado como Edivaldo Aragão, de 36 anos, foi preso por ser suspeito de participar do suposto assassinato de Luca. Ele foi abordado por policiais militares na Rua das Magnólias, próximo à adega.

Segundo o site g1 apurou com a Delegacia de Homicídios de Santos, a Polícia Civil descartou o homem das investigações por entender que ele não teve envolvimento e confessou a mando de uma organização criminosa. Ele apenas foi indiciado por obstrução à justiça.

2º preso confessa envolvimento no sequestro

  • Na noite do dia 18, Carlos Vinicius Santos da Silva, de 26 anos, foi preso na Avenida das Acácias. Uma equipe da Polícia Militar leu mensagens em um celular que comprovaram a participação dele no crime. É ele quem aparece ao lado do soldado da PM na biqueira da comunidade Santo Antônio, a última imagem que se tem de Luca.

Mais quatro presos e carro apreendido

  • Depois que Carlos Vinicius foi detido, a polícia identificou mais suspeitos envolvidos, com base no depoimento e mensagens.
  • No dia 19 de abril, quatro foram presos. Cada um teria uma responsabilidade: um teria ficado com a arma de Luca; outro seria o dono da biqueira; um suspeito de abandonar o carro, e outro dirigido com o PM até a comunidade.

Sétimo e oitavo presos

Segundo o site g1 apurou, um sétimo suspeito, conhecido como “Caga”, se apresentou espontaneamente na Divisão de Homicídios de Santos no dia 22 de abril.

Um oitavo homem, de 23 anos, foi preso por volta de 19h30 de 26 de abril no bairro Chácaras, em Bertioga. A PM chegou ao oitavo suspeito durante as investigações e com base nas informações obtidas em depoimentos anteriores. Conforme apurado com a Delegacia de Homicídios de Santos, o homem provavelmente mentiu ter envolvimento para despistar as autoridades.

Nono preso

Segundo a SSP-SP, o último preso foi um homem, de 41 anos, capturado por PMs no dia 10 de maio, no bairro Jardim Primavera, em Guarujá.

Na ocasião, uma equipe viu o rapaz em atitude suspeita em uma via pública. Assim que ele notou a presença policial, entrou em um comércio, mas foi seguido pelos agentes. Em busca no sistema, a corporação constatou que havia um mandado de prisão temporária expedido contra ele.

Apesar de o conteúdo do mandado não ter sido divulgado, ele é suspeito de estar envolvido no crime contra o soldado.

Robô aquático é usado para investigar sumiço do PM Luca Romano Angerami — Foto: Redes sociais/COE e Reprodução
Robô aquático é usado para investigar sumiço do PM Luca Romano Angerami — Foto: Redes sociais/COE e Reprodução

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