Possível adversário de Caiado em 2022: “Ele não mostrou a que veio”

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Gustavo Mendanha. Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Por Galtiery Rodrigues

Goiânia – O atual prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, hoje sem partido, é tido como o possível adversário de Ronaldo Caiado (DEM) na disputa eleitoral pelo Governo de Goiás, em 2022. Após receber votação recorde na eleição de 2020, com 95,8% dos votos, e deixar o MDB, partido ao qual esteve filiado por mais de duas décadas, o político ainda avalia a melhor sigla para colocar o projeto de candidatura em prática.

O discurso e os argumentos contrários a Caiado já fazem parte da fala de Mendanha. Para ele, o governador goiano, que teve uma trajetória marcante como deputado federal e senador no Congresso Nacional, não conseguiu mostrar a que veio, enquanto gestor do estado.

“Seja por conta dos projetos que não avançam, pela falta de uma marca, de uma identidade ou pela falta de diálogo que ele tem. Isso é notório”, afirma, em conversa com o Metrópoles.

A saída de Gustavo do MDB foi oficializada em setembro deste ano, após a direção do partido anunciar apoio a Caiado. A oposição dele ao projeto caiadista nunca foi segredo para ninguém. “Não tenho e não quero ter diálogo com esse governo”, diz o prefeito.

Convites

Desde que saiu do MDB, Mendanha, cuja imagem ficou fortalecida com a votação recebida na última eleição, passou a receber convites de vários partidos para se filiar. Segundo ele, só não recebeu do DEM, pelo fato de já existir um candidato. “Até o PSL, antes da união (com o DEM), havia me feito o convite”, conta.

Hoje, o prefeito de Aparecida, que é a segunda maior cidade de Goiás e que é interligada à capital, avalia a melhor opção de partido. O prazo para filiação de candidatos é até o início de abril do próximo ano. Mendanha lista as seguintes siglas, às quais ele estaria mais próximo: Podemos, PL, Republicanos, PROS, PTC e DC.

A decisão de filiação, segundo ele, deverá ser bem pensada para não prejudicar apoios e garantir a maior aglutinação possível. Com as articulações e mudanças rolando, inclusive em âmbito nacional, a exemplo da filiação recente do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal (PL), Gustavo aguarda para tomar sua decisão.

Sem garantia de candidatura no PL

A ida do presidente para o PL e as mudanças que isso pode acarretar no comportamento do partido em Goiás fizeram Mendanha avaliar melhor a filiação. Ainda não se sabe qual será a posição da sigla a partir de agora, uma vez que Bolsonaro teria a intenção de lançar e apoiar uma chapa pura contra Ronaldo Caiado.

Na atual configuração, Gustavo analisa que, se entrasse no PL, estaria sem garantia de candidatura ao governo e correria o risco, ainda, de perder alguns apoios de partidos que não se colocariam do mesmo lado que o presidente da república.

O prefeito contou que já está em fase de articulação e que já tem seis partidos que o apoiariam em 2022. Em 2020, na disputa pela prefeitura de Aparecida, ele conseguiu aglutinar mais de 20 siglas.

“Disposição total para ser candidato”

Mendanha sabe que para entrar com chances de vitória ele precisa do maior apoio possível. Diferente da disputa pela prefeitura, onde ele correu quase que só – a segunda colocada estava com candidatura sub judice -, na briga pelo governo ele não estaria enfrentando um adversário qualquer, pelo contrário.

Em viagens pelo interior de Goiás, numa agenda que ele diz já ter iniciado, até mesmo para se apresentar e tornar-se conhecido para além da região metropolitana de Goiânia, Gustavo diz que ouve muitas pessoas que desejam uma alternância no poder. “A minha disposição de ser candidato é total. Se as pessoas quiserem, disputarei a eleição em 2022”, afirma.

Ano de mudanças bruscas

Mendanha fecha 2021 de um jeito bem diferente de como ele começou. Em janeiro, antes da morte de seu mentor, Maguito Vilela, que faleceu após ficar mais de 80 dias internados na UTI em decorrência da Covid-19, existia nele a esperança de que o amigo iria se curar e poderia, enfim, assumir o cargo para o qual havia sido eleito. Maguito, mesmo intubado, venceu a eleição para prefeito de Goiânia.

Seriam dois integrantes do MDB à frente das prefeituras das duas maiores cidades de Goiás, ou seja, na visão deles, um pontapé importante para o projeto do partido de lançar uma candidatura própria ao governo do estado. Essa era a intenção de Maguito, segundo Gustavo. E o candidato seria o filho de Vilela, o ex-deputado federal e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, que ficou em segundo lugar na disputa contra Caiado, em 2018.

Mendanha perdeu Maguito em janeiro, esteve internado em abril com Covid-19, perdeu o pai (Léo Mendanha) no mesmo mês, também em decorrência de complicações geradas pela doença, saiu do partido ao qual esteve filiado desde o início da trajetória política, após não aprovar a decisão de apoio a Caiado, e acabou, por fim, perdendo a amizade de Daniel Vilela.

“Não temos relação mais. Até confesso que liguei para ele, recentemente, no dia do aniversário dele, mas não me atendeu. Alguém próximo a ele me disse que ele não me atenderia. Lamento muito isso, porque a política passa e a relação que a gente havia construído, eu imaginava que estava além da política”, relata o prefeito.

Animosidade com Caiado

A rusga entre as duas maiores lideranças jovens do MDB tornou-se realidade, assim que o assunto “Caiado” entrou na pauta. O partido que não deixou de lançar candidato próprio ao governo de Goiás, nas últimas décadas, estava, na visão de Mendanha, apequenando-se diante de uma decisão tomada, faltando mais de um ano para a eleição, e contrariando o projeto do líder que havia falecido em janeiro (Maguito Vilela).

O prefeito conta que ele foi procurado por um secretário de Caiado, em 2020, para se aproximar do governador, mas que não aceitou por acreditar no projeto do partido. “A minha posição é a que eu mantenho até hoje. O partido (MDB) teria uma candidatura própria. Teríamos condição para isso”, afirma. Já Daniel Vilela, assim que sondado, aproximou-se de Caiado, levou consigo o partido, com o acordo de que ele seria o candidato a vice na chapa do governador.

“O governador, vendo a ascensão de duas lideranças jovens, tentou cooptar uma delas. Eu fui o primeiro buscado, mas mantive uma posição muito dura de que iríamos fazer uma avaliação no início deste próximo ano para decidir”, diz Mendanha. “A forma que o governador tem administrado Goiás não é a forma que acreditamos. É um governo voltado para as elites, distante das pessoas e sem diálogo. Isso me faz querer estar do outro lado”, afirma.

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