Também procurado pela reportagem, o governo de Goiás disse, em nota, que “respalda o trabalho das tropas de segurança no estado com investimentos para que as forças de segurança prestem um serviço de excelência e com a devida atenção para eventuais excessos que sejam identificados e corrigidos”.
O executivo afirmou ainda que Goiás registrou queda em todos os indicadores criminais, nos três primeiros meses de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado. “Segundo o Observatório de Segurança Pública, a queda nos índices de homicídio, por exemplo, foi de 24%”, destacou.
A apuração do Ministério Público será conduzida pela Área Criminal do Centro de Apoio Operacional da Promotoria e pelo Gaesp (Grupo de Atuação Especial do Controle Externo da Atividade Policial).
“Foi instaurada uma notícia de fato para apuração e acompanhamento da situação à qual se refere a citada reportagem”, disse a Promotoria, em nota, informando ainda que notificou a auditoria militar.
O órgão também ressaltou que recentemente foi firmado um termo de cooperação com as forças de segurança para melhorar os cursos de formação dos militares. Isso foi feito, segundo a nota, para garantir a participação da Promotoria nos cursos das polícias e também que elas participem dos cursos de formação do Ministério Público, com horas mínimas.
Segundo o Metrópoles, o vídeo teria sido feito durante um Curso de Operações de Divisas, quando o comandante do batalhão era o tenente-coronel Edson Melo, conhecido como Edson Raiado.
O militar ganhou notoriedade após participar das operações de busca pelo serial killer Lázaro Barbosa, em Brasília, em 2021. O oficial se declara assassino de Barbosa e chegou a escrever um livro sobre seu envolvimento nas ações.
Em julho do ano passado, recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Tiradentes no grau Grande-Oficial, concedida pelo governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), de quem é ex-chefe de segurança.
Procurado, Caiado não comentou a proximidade com o tenente-coronel Edson Melo nem o conteúdo do vídeo.
Recentemente, o policial militar decidiu se afastar de suas atividades para assumir a segurança particular do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal.
Após a repercussão do vídeo na sexta (21), o político usou as redes sociais em defesa de Melo. “Decidiram atacar esse policial honrado (Edson Melo) só porque ele parou a vida dele para proteger a minha vida e a minha família”, escreveu em uma publicação, pedindo para que seus seguidores também demonstrem apoio ao policial.
O tenente-coronel da PM também se manifestou nas redes sociais com vídeos em que aparece recebendo a honraria do governador. “Não ligo de ter inimigos grandes, pois esses se opõe [sic] somente a guerreiros extremamente fortes!”, escreveu.
Além de sua atuação como policial e segurança, Melo concorreu como candidato a deputado federal de Goiás pelo Avante, em 2022. O oficial, no entanto, teve 19.811 votos e não conseguiu se eleger.
Durante a campanha eleitoral, se envolveu em situações polêmicas, como quando publicou um vídeo usando uma máscara de caveira e segurando um facão. Na gravação, ele simula uma decapitação e faz alusão a ações violentas. O material foi considerado propaganda eleitoral irregular e o agente teve que tirar o vídeo do ar após determinação judicial.