Próximos meses serão desafiadores para a inflação, que deve subir antes de cair, diz diretor do BC

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Nilton David durante sua sabatina no Senado; diretor de política monetária do BC se pronunciou publicamente pela primeira vez na segunda-feira (17) - Gabriela Biló/Folhapress

O diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou na sexta-feira (21) que os próximos meses serão desafiadores para a inflação, que deve piorar no acumulado em 12 meses antes de melhorar.

Ele acrescentou que o processo mais demorado de revisão de expectativas de inflação por parte do mercado não facilita a atuação do BC. Falando em evento do Bradesco BBI, David afirmou, ainda, que o BC não pode imaginar que resolveu o seu problema de combate à inflação elevada com algumas semanas de alteração no preço do câmbio.

David acrescentou que a autoridade monetária espera um arrefecimento da atividade, mas que o patamar atual da taxa de juros só será reduzido quando houver a convicção de que isso está afetando o nível da inflação.

Ele garantiu que a autarquia acredita na capacidade da política monetária de colocar as coisas em ordem e que a autarquia não vai reagir a ruídos.

O Copom realiza sua próxima reunião em março. Na primeira decisão do ano sobre a taxa de juros, em janeiro, o BC aumentou a Selic em um ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, em decisão unânime.

No último boletim Focus, analistas consultados pelo BC renovaram as previsões de alta da inflação. O levantamento acumula 18 semanas consecutivas de previsão de aumento e tem expectativa de alta de 5,60% para o IPCA ao fim deste ano.

Responsável pela área do BC que toma as decisões de intervenção cambial, David reforçou que o câmbio no Brasil é flutuante e que a autarquia não tem apego ou objetivo para o patamar da moeda. Segundo ele, as intervenções são feitas quando o BC observa disfuncionalidades no mercado.

“Ninguém tem nenhuma pretensão de ter um preço artificial do câmbio, nem que seja momentâneo”, disse. O diretor afirmou ainda que não há uma métrica ou um nível específico que o BC considere ideal para suas reservas internacionais.

O diretor também comentou a relação com os Estados Unidos, afirmando que a incerteza em relação ao país é muito maior agora do que anteriormente, acrescentando que o mercado provavelmente ainda não precificou tudo o que é possível na maior economia do mundo.

Para Davi, os movimentos recentes do dólar, que se valorizou fortemente frente ao real no fim de 2024 e perdeu força no início deste ano, não se deu somente no Brasil, avaliando que “o pivô mesmo foi lá fora”.

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