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Paulo Guedes. Foto: Reprodução

Por Thiago Resende

Em mensagens encaminhadas a ministros e membros do governo, o ministro Paulo Guedes (Economia) pediu apoio contra a pressão de servidores públicos por um amplo reajuste salarial.

Numa sequência de mais de 20 de mensagens de texto, Guedes fez uma analogia ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG) no dia 25 de janeiro de 2019.

“Se aumentarmos os salários e a doença voltar, QUEBRAMOS!”, escreveu o ministro. “Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama”, diz outra mensagem.

Guedes voltou a defender a reforma administrativa como instrumento para reestruturar carreiras. E disse também citou a derrota do ex-presidente argentino Mauricio Macri nas eleições de 2019. Macri era de perfil liberal e entregou o país em crise.

“SEM ISTO [reforma administrativa], reajuste geral para funcionalismo é INFLAÇÃO SUBINDO, BRUMADINHO E MACRI nas eleições! Temos que ficar FIRMES !”, redigiu o ministro.

Após o lobby de policiais federais surtir efeito e as corporações garantirem recursos para aumentos salariais em 2022, diversas categorias do serviço público federal se reúnem nesta quarta-feira (29) para discutir uma campanha por reajuste no ano que vem.

Uma das alternativas em debate é uma paralisação geral de um ou dois dias como forma de pressionar o Palácio do Planalto a abrir o diálogo com o funcionalismo.

O aumento aos policiais foi um pedido do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL). Apenas PF, PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Depen (Departamento Penitenciário Nacional), além de agentes comunitários de saúde, obtiveram previsão de reajuste dentro do funcionalismo. O orçamento prevê R$ 1,7 bilhão para o reajuste para essas corporações.

Isso desencadeou uma debandada nos cargos de chefia da Receita e Banco Central –uma forma de pressionar o governo a conceder o aumento salarial para mais categorias.

Em uma das mensagens encaminhadas por Guedes, o ministro afirma que o país está passando por uma “economia de guerra contra a pandemia”.

“Quem pede aumento agora não quer pagar pela guerra contra o vírus. Está dizendo : ‘já tomei minha vacina agora quero reposição de salário: NÃO VOU PAGAR PELA GUERRA AO VÍRUS’”, escreveu.

A equipe econômica tenta controlar os gastos públicos após o forte aumento de despesas em 2020 e 2021 para conter o coronavírus e os efeitos da doença na economia.

Nas mensagens, Guedes escreveu que, no ano passado, a pandemia derrubou o país, mas que, em 2021, o “Brasil se ergueu e derrubou a doença”.

Segundo ele, a projeção para o próximo ano é que “vai cair [a] inflação, vamos seguir gerando emprego e renda, sobem investimentos e vamos retomar o crescimento”.

Mas, preocupado com o impacto nas contas públicas da pressão por aumento salarial de servidores, ele afirmou não ver problemas na reestruturação de uma carreira, ainda mais se for dentro da reforma administrativa.

Guedes argumentou que essa reforma cortaria R$ 30 bilhões por ano, o que abriria espaço para um reajuste de 10% dos salários do funcionalismo, mas somente após a reforma. “Valorizando o funcionalismo atual, pois ficaria zero a zero”, concluiu.

Na sequência de mensagens, o ministro citou que os governadores e prefeitos também devem exercer o papel de controlar as despesas.

“NÃO PODEM TRANSFORMAR O ESFORÇO DE GUERRA DE UMA GERAÇÃO EM FARRA ELEITORAL”, afirmou.

Membros do governo temem que, se governadores e prefeitos darem aumento salarial a servidores estaduais e municipais, a pressão no Palácio do Planalto seja ainda maior em 2022.

Em balanço de fim de ano, no dia 17 de dezembro, Guedes já havia dito que conceder reajustes a todos os servidores seria uma desonra com as futuras gerações. O Ministério da Economia, porém, chegou a pedir ao Congresso para reservar R$ 2,5 bilhões para aumentos a policiais, valor defendido pelo presidente Bolsonaro.

“Se todos tiverem esses aumentos, é uma desonra com as futuras gerações. Aí a inflação vai voltar, vamos mergulhar em um passado tenebroso, vamos nos endividar em bola de neve. Nosso papel é assegurar que isso não aconteça”, disse o ministro na ocasião.

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