Rita Lee falou sobre a própria morte em autobiografia: “Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”

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Rita Lee, durante show em Portugal em 2008. Nem sua própria morte fugiu à ironia. Foto: Getty Images

Conhecida pelo humor ácido e por não ter papas na língua, Rita Lee ficou conhecida pelas frases marcantes e declarações polêmicas. E nem mesmo a sua própria morte escapou de sua fina ironia. Em 2016, ela lançou “Rita Lee, uma Autobiografia”, em que imaginou, de forma bem-humorada, como seriam os momentos após a sua partida. Ela morreu na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos.

No trecho intitulado “Profecia”, Rita Lee descreve uma série de acontecimentos: “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída.”

O texto – assim como a ironia – continua: “Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão “Ovelha Negra”, as tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk’. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los.”

No final, Rita Lee imagina como será seu destino pós-morte. “Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: “Thank you, Lord, finally sedated” (Obrigado, Senhor, finalmente sedada).

E, claro, não poderia faltar um epitáfio, que soaria mal se não fosse criada por ela mesma: “Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”.

(Publicado por Fábio Mendes)

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