RJ: homem tenta provar inocência após ser vítima de fake news

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Lorran teve que deixar o trabalho temporariamente por medo - Foto: Filipe Aguiar

Por Renata Sena

A novela Travessia, que começou em outubro, trouxe como enredo uma ‘fake news’ que mudou a história da personagem Brisa (Lucy Alves) do avesso. A trama é inspirada em fatos reais e relembra o caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que foi espancada até a morte por moradores do próprio bairro, em Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014. Na época, Fabiana foi confundida como uma sequestradora de bebês.

Apesar a história parecer distante nos dias atuais, este não é um caso isolado. Em São Gonçalo, um jovem também viu sua vida mudar após ter sua imagem associada a um homicídio em Maricá.

Lorran de Oliveira Machado, de 20 anos, descobriu por amigos, que foi apontado como autor de um crime hediondo e teve seu rosto divulgado nas redes sociais. A ‘fake news’, que parece trama de novela, aconteceu no último dia 8 e, desde então, o jovem vive com medo de ser punido, pela população, por um crime que não cometeu.

Lorran tem um homônimo (pessoa com o mesmo nome que o seu), e essa pessoa, o segundo Lorran, foi investigado por envolvimento em um bárbaro homicídio.  Mas, segundo a polícia, após dois depoimentos, e com o avançar das investigações, foi comprovado que o verdadeiro Lorran não tinha participação no crime.

Contudo, no último dia 8, internautas divulgaram trechos da investigação, com o nome do Lorran, mas pegaram a imagem de outro Lorran. A partir daí, tudo começou a mudar para o coletor de Lixos.

“Eu estava com minha namorada e ela me avisou. Foi um susto. Até mandado de prisão falso eles divulgaram nas redes sociais. Eu não fiz nada e vivo com medo, tendo que me explicar”, desabafou a vítima.

Após saber do que estava acontecendo a mãe de Lorran se desesperou e pediu até que o filho se afastasse do emprego por um período.

Buscando justiça, Lorran foi até a Cidade da Polícia, na delegacia de crimes virtuais, e explicou o ocorrido. Ele então foi orientado a procurar a delegacia da área de sua residência. Na quinta-feira (17) o caso foi registrado na 75°DP (Rio do Ouro).

“Eu vou buscar a justiça, a polícia, porque eu não posso ser acusado perante a sociedade por uma coisa que não fiz. Fotos de um Facebook meu foram usadas e eu estou sendo perseguindo por isso”, contou.

Lorran contou para a reportagem que em 2019 chegou a conhecer o homem que é acusado de ser o autor do crime.

“Eu conheci ele num Carnaval em Ponta Negra. Curtimos lá e ponto. Não é meu amigo. Não tenho relação ou contato. Porém, parece que ele usou fotos do meu Facebook.  Quando buscaram na Internet viram que éramos amigos de rede social e colocaram como se fosse eu”  explicou.

Durante a entrevista Lorran segurava os documentos que provaram que, nas datas e horários em que a menina sumiu e que foi encontrada morta, Lorran estava trabalhando.

“Eu só quero que o autor seja preso e eu possa seguir minha vida. Não imagino a dor dessa família em perder uma menina da forma que foi. Mas eu não tenho nenhum envolvimento e peço para que a população busque informações antes de divulgar uma acusação séria assim. Isso pode acabar com minha vida”, finalizou o jovem.

 

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